Iperba fez 147 em 3 anos, 16 vezes menos que abortos inseguros

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O número de unidades de saúde autorizadas a realizar aborto legalmente no Brasil reduziu nos últimos três anos – de 65 para 63, segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, mas isso não ocorreu no estado. Isso porque o Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba), localizado no bairro de Brotas, em Salvador, permanece como único local que pode fazer a interrupção da gravidez nos casos permitidos por lei – gestações resultantes de estupros, que exponham a mãe a risco de morte, e de anéncefalos (quando o feto não tem cérebro).

Em 2013, o governo anunciou que seria feita a ampliação da rede autorizada, acrescentando as maternidades Tsylla Balbino e Albert Sabin, além do Hospital Geral João Batista Caribé. Segundo Olga Sampaio, coordenadora de Ciclo de Vida e Gênero da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), a ampliação das unidades não ocorreu por conta do contingenciamento de despesas e no investimento em áreas prioritárias e estratégicas. ”É uma prioridade, é um problema de saúde pública no qual a gente vem trabalhando. Avançamos em outras áreas, mas não conseguimos ampliar. No entanto, conseguimos qualificar o Iperba, que é o centro de referência no estado”, explicou, acrescentando que “nenhuma mulher que procurou a unidade deixou de ser assistida”. Segundo dados divulgados pela Sesab, a unidade realizou 40 abortos legalizados este ano. Em 2013 e 2014, a unidade realizou, respectivamente, 43 e 64 abortos legalizados – o que soma 147 procedimentos nos últimos três anos.

O Iperba atendeu também, somente entre 1º de abril e 2 de novembro deste ano, 12.873 mulheres no pronto-atendimento e 13.534 no ambulatório. De acordo com a diretora do Iperba, Dolores Fernandez, enquadram-se no atendimento ambulatorial consultas de ginecologia e pré-natal, incluindo as consultas preparatórias da realização do procedimento de interrupção da gestação. “A gente tem na nossa estatística os abortos de maneira geral, dela são separados abortos previstos por lei e inseguros, incluindo espontâneos. A gente não faz uma investigação, se a mulher provocou, se não provocou”, afirma Dolores.

Dos atendimentos emergenciais ocorridos em 2015 no Iperba, 506 estavam relacionados a casos de abortos inseguros, categoria na qual são registrados os abortos espontâneos e provocados. O número é 12,6 vezes maior que o de procedimentos autorizados por lei e representa o triplo dos abortos legalizados feitos pelo hospital nos últimos três anos. Em 2013 e 2014 foram atendidas 927 mulheres (em cada ano) em situação de aborto inseguro – respectivamente, 21 e 14 vezes mais que os casos apoiados na lei. Somados, os casos de abortos inseguros atendidos entre 2013 e 2015 representam 16 vezes o número de procedimentos legais realizados pelo Iperba no mesmo período.

A média mensal de abortos inseguros registrados na unidade é de 50,6 (2015), 77,25 (2014 e 2013). Nenhuma morte materna em decorrência de aborto foi registrada na unidade, de acordo com os dados da Sesab. Segundo Dolores, além de pacientes de Salvador, boa parte das mulheres atendidas na unidade vem da Região Metropolitana: Lauro de Freitas, Simões Filho, Dias D´Ávila e Camaçari. “Nós não temos como dizer quantas são de Lauro de Freitas, quantas são Simões Filho, porque nosso sistema é parcialmente informatizado”, explica a diretora.

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