Interpol procura mulher de Glaidson, preso em esquema ilegal de bitcoins

A Interpol procura a venezuelana Mirelis Zerpa, de 38 anos. Ela é suspeita de, junto com o marido, Glaidson Acácio dos Santoschefiar um esquema de fraude ao sistema financeiro nacional se utilizando de aplicação em criptomoedas sem possuir autorização para isso.

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) investigam Mirelis ainda por organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Na quarta-feira (25), Glaidson foi preso pela PF em uma mansão na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

Dois dias antes (segunda, 23), Mirelis fugiu para Miami. De acordo com investigações, ela entrou nos Estados Unidos com visto de estudante. Seu nome está na difusão vermelha da Interpol como foragida.

Casada com Glaidson, Mirelis é vista em vídeos dançando e sorridente. Em um de seus aniversários, ela ganhou um carro importado do marido.

As investigações da PF mostram que ela é sócia em duas empresas de Glaidson.

De acordo com as investigações, pelas contas bancárias de uma das empresas e de Glaidson foram movimentados R$ 38,2 bilhões, 44% disso nos últimos 12 meses. Ou seja, algo em torno de R$ 16 bilhões em um ano.

Dinheiro apreendido na casa de Glaidson sendo contabilizado — Foto: Reprodução

Dinheiro apreendido na casa de Glaidson sendo contabilizado — Foto: Reprodução

A PF aponta Mirelis como atuante na organização junto a Glaidson:

“Principais mentores e líderes do esquema criminoso sob investigação”, afirma relatório da PF.

O casal movimenta, segundo as investigações, bilhões no sistema financeiro oficial como também no mercado de criptoativos.

A polícia descobriu que Mirelis emitiu ordens para compra e venda de bitcoins com uma corretora autorizada, o que, para policiais e procuradores, mostra que ela atuava de maneira ativa no sistema.

Venezuela Mirelis Zerpa, mulher de Glaidson Acácio Santos — Foto: Reprodução

Venezuela Mirelis Zerpa, mulher de Glaidson Acácio Santos — Foto: Reprodução

As empresas do casal também aparecem nas investigações como suspeitas de sonegação fiscal. De acordo com a Receita Federal, a GAS pagou R$ 587,9 mil em impostos apesar de ter registrado uma movimentação de R$ 2 milhões.

A Receita Federal entendeu que isso indica um ato irregular:

“Há uma incompatibilidade entre a movimentação financeira e o valor arrecadado de tributos pela GAS”, afirma relatório da Receita.

‘É pra pegar pra amarrar’, disse sobre repórter da Globo

O Fantástico revelou, há duas semanas, denúncias sobre o esquema de pirâmide financeiro disfarçado de investimentos em criptomoedas.

Quando a equipe de reportagem tentou falar com Glaidson, em Cabo Frio, ele reclamou com o chefe da sua segurança, como mostra uma ligação, interceptada pela Polícia Federal.

“Chegou aqui repórter. É pra pegar pra amarrar e eu vou decidir o que vai fazer. Não vai fazer nada. Só vai segurar. Prender aonde? Prender na sala. Não sai. Toma o celular. Tá com a arma na mão, pô. Usa a autoridade. Me dá aqui o celular. Abre aqui agora. E manda apagar tudo o que foi filmado. Aí liga pra mim: ‘Glaidson, o que você quer fazer?’. Aí vocês só vão fazer isso. O resto, deixa comigo.”

Outra ligação, em 23 de agosto, mostra que a organização criminosa se preparava pra fuga de Glaidson.

O plano era ir pra algum país do Mercosul, porque poderia entrar só com a identidade. Ele estava sem passaporte, porque aguardava um visto dos Estados Unidos.

No telefone, um integrante do esquema diz pra outro o que falou com Glaidson: ‘Pega sua identidade e vaza daqui pra lá. Quando seu passaporte sair, você manda seu piloto vir buscar seu passaporte. A cara dele já tá estampada agora na TV. Então, assim… Ele já tá chamando a atenção. Não pode ir com todo mundo… Com cachorro, com periquito, com papagaio”.

As duas interceptações foram decisivas para o Ministério Público Federal e a Polícia Federal pedirem a prisão dele, apontado como o chefe do esquema.

Informações: G1

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