Hospital nega recusar atendimento e diz que pacientes nos corredores são “dinâmica da unidade”

RTEmagicC_2b58a70973.jpg

RTEmagicC_768a2783e6.jpg

Um dia depois de afirmar que a presença de um cadáver em um banheiro da emergência de adultos era um problema pontual devido à lotação do necrotério, o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) mudou a versão. Na terça-feira (03/03), após a denúncia, a direção da unidade, administrada pelo governo do estado, disse que o banheiro “serve exatamente para a lavagem dos corpos que estão com resíduos de sangue ou demais resíduos, antes de serem levados ao necrotério”.

Em nota, a assessoria da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) lamentou o fato relatado na reportagem, mas não explicou por que um banheiro usado para cadáveres tem livre acesso para quem quer utilizá-lo, funciona dentro da emergência e não tem qualquer indicação na porta sobre o uso especial. “Infelizmente, pacientes e acompanhantes tiveram acesso a este banheiro de modo indevido”, diz o texto da nota.

Segundo a Sesab, há outros banheiros na emergência destinados a pacientes e acompanhantes. O cadáver no banheiro assustou pacientes e familiares que iam fazer seu asseio diário. Eles relatam que, na verdade, mais de um morto foi colocado no banheiro, que é individual e tem apenas um chuveiro.

“Vi algumas vezes, mais de um cadáver, ali no canto, coberto por um pano meio transparente”, disse a filha de uma paciente, que preferiu não se identificar. Como o CORREIO mostrou, ter um cadáver no banheiro não é o maior problema do Roberto Santos.

RTEmagicC_2b58a70973.jpg

Corredores lotados de macas, pacientes acomodados durante dias em cadeiras plásticas, mau cheiro e sujeira dão à unidade um ar de hospital de guerra. Ontem, acompanhantes e pacientes relataram uma pequena melhora. Entre a manhã e o início da tarde, o número de pacientes nos corredores diminuiu e alguns dos que estavam em cadeiras conseguiram leitos ou poltronas reclináveis.

Mas logo a demanda aumentou e, no meio da tarde, a reportagem flagrou corredores cheios e pacientes esperando há dias em cadeiras. O aposentado Aurino dos Santos, 75 anos, passou três noites sentado em uma cadeira até conseguir uma poltrona. A cirurgia dele, para retirada das fezes endurecidas do intestino, chegou a ser marcada para ontem, mas, até o final da tarde, não havia ocorrido.

“Algumas coisas melhoraram, tem mais gente atendendo. Meu pai foi retirado da cadeira e colocado em uma poltrona, mas continua no mesmo setor desde que chegou”, disse o filho de Aurino, o lavrador Reinaldo dos Santos.

Jarbas*, 67 anos, que sofre com duas hérnias de disco e um problema de úlcera, e havia dormido no chão na noite de domingo para segunda-feira, conseguiu um leito. Na noite de segunda, a sobrinha dele, Ana* “herdou” uma poltrona reclinável, onde o idoso dormiu, de uma paciente que foi para a UTI. Ontem pela manhã, ele foi transferido para um leito.

OUTRAS NOTÍCIAS