Helicóptero drone da NASA sobrevoa Marte e produz oxigênio na atmosfera do planeta vermelho

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Nasa decola “helicóptero” da superfície marciana e produz oxigênio em sua atmosfera. Foi dado importante passo para que no futuro o homem desembarque no planeta vermelho.

Trinta e nove segundos, não mais que trinta e nove segundos, valem como uma eternidade de tempo no avanço tecnológico da fenomenal jornada humana em busca da conquista do espaço. Por trinta e nove segundos, o drone que pousou em Marte há cerca de dois meses, levado pela cápsula Perseverance, permaneceu no ar do planeta vermelho, na semana passada.

Mas o regozijo maior dos engenheiros na sede da Nasa, nos EUA, tem outra razão: não é pelo o voo em si, mas, sim, devido ao sucesso de eles terem conseguido fazer, a partir de comandos dados daqui da Terra, que o drone (chamado também de “helicóptero”) decolasse de uma superfície de outro planeta.

A atmosfera marciana é muito mais fina que a nossa, e isso parecia um obstáculo impossível de ser vencido. Mas o foi. E qual a importância? O importante é que, agora, os pesquisadores ampliarão o seu conhecimento e suas descobertas sobre a atmosfera de Marte. E esse é um fator essencial para que se cumpra, um dia, o objetivo de se fazer com que o homem lá desembarque.

Também contribuirá para isso, decisivamente, o fato de a Perseverance ter transformado o dióxido de carbono presente em Marte em cerca seis gramas de oxigênio. Essa quantidade dá autonomia de dez minutos para um astronauta respirar tranquilamente. Em se tratando de conquista espacial, assim como os trinta e nove segundos, também os dez minutos são uma eternidade.


O helicóptero denominado Ingenuity voou, plainou e pousou. Feito isso, a engenheira birmanesa-americana MiMi Aung, comandante de uma das cápsulas orbitadoras de Marte, disse a sua equipe em terra: “Celebrem o momento e, depois, voltem ao trabalho”. MiMi Aung é profissional incansável e disciplinadora.

O fato de ela ter permitido uma celebração mostra a importância do evento. “Não sabemos exatamente até onde o Ingenuity nos levará, mas os resultados indicam que o céu, ao menos em Marte, pode não ser o limite”, afirmou o administrador da Nasa, Steve Jurczyk. Apesar de se assemelhar a um drone, o Ingenuity não pode ser considerado um modelo tradicional. Imaginem!

Ao longo de seis anos, engenheiros o desenvolveram com espuma de fibra de carbono. Suas hélices giram 2,5 mil vezes por minuto — cinco vezes mais que as hélices dos helicópteros que conhecemos, porque só assim é possível voar em um ambiente tão inóspito.

O helicóptero possui um painel solar que recarrega automaticamente as suas baterias, tem rádios responsáveis pela comunicação com a Terra, isolamento térmico para suportar as congelantes noites que chegam a 90 graus Celsius negativos, e, claro, sensores que controlam o sentido de direção e velocidade.

Toda essa tecnologia foi essencial para que o Ingenuity decolasse do solo marciano, pois a densidade atmosférica do planeta é um centésimo da densidade da Terra. E foi justamente daqui, de nosso planeta, que o voo foi acionado. Uma conexão em cadeia: Terra, orbitadores, Perseverance e Ingenuity.

“Uma possível colônia terá muito mais autonomia, principalmente no que chamamos de área protegida, para que seres humanos possam respirar no planeta vermelho”, diz a coordenadora de Pós-Graduação em Ciência e Aplicações Geoespaciais da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Adriana Valio.

“É um marco histórico”. Na verdade, todos que olham para o espaço, pensando em conquistá-lo, fazem-no, nesse momento, com bastante orgulho. Afinal, também na semana passada houve a certeira cartada de US$ 2,9 bilhões do empresário Elon Musk, dono da empresa SpaceX, para conduzir em 2024 um voo tripulado à Lua.

Ele já expos também seus visionários planos de instalação de bases em Marte — visionários, deixe-se claro, por enquanto. A história tem demonstrado que nada é impossível no espaço. E os trinta e nove segundos do drone estão aí para provar tal afirmação.

Informações: Istoé

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