‘Finjo mesmo, tô nem aí’: Simone e Simaria revelam que fingem orgasmos

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A declaração de Simone e Simaria admitindo que fingem orgasmo abre espaço para debate importante sobre os efeitos falta de discussões constantes sobre a relação sexual entre homens e mulheres.

A dupla sertaneja fez a revelação durante o quadro ‘Eu Nunca’ nos bastidores do programa Só Toca Top, da TV Globo. “Eu já e acho que toda a mulher [já fingiu]”, Simone.

Simaria foi além, “eu já. Se não for igual fogão a lenha, que o cara tem que ficar horas lá abanando pra pegar fogo, eu finjo mesmo nessa p*rra, tô nem aí”.  

Deixemos o bom humor das irmãs de lado. Até que ponto é saudável para a vida sexual da mulher o fingimento do orgasmo? Mais, será que a prática, que pode ser associada com o machismo, não passa a falsa sensação de superioridade masculina na cama?

Em texto publicado no Universa, a escritora e feminista Clara Averbuck pede para que mulheres parem de fingir o prazer sexual.

“E por que todo homem que a gente conhece se acha foda na cama? Sério, amigas: o mais parvo dos homens, incapaz de sentir seu corpo ou de perceber se você está gostando ou não, pode ser que ele esteja se achando um deus na cama porque ninguém nunca avisou que não era por aí e os gemidos de pornô o fizeram crer que estava arrasando”, concluiu.

Pesquisadores da Universidade de Brigham Young analisaram a percepção dos orgamos em 1.683 heterossexuais casados para concluir que apenas 49% das mulheres atingiam o orgasmo, sendo que 43%dos companheiros não conseguiam identificar quando isso acontecia.

“Pode ser porque o homem esteja muito concentrado no seu prazer, ou que nem cogite que sua parceira não esteja tendo a mesma sensação.  Se os homens se preocupassem em descobrir qual é a resposta fisiológica que a mulher tem ao chegar ao orgasmo, seria bastante fácil averiguar se está fingindo ou não”, explica ao El País a sexóloga Ana García.

Além do machismo, não atingir o orgasmo pode revelar problemas de saúde

O conceito de liberdade sexual passa pelo conhecimento do próprio corpo. Isso está naturalizado entre os homens, que além de não terem pudores para falar abertamente sobre masturbação, possuem intermináveis opções de prazer à disposição.

No caso das mulheres é diferente. Os sites pornôs, por exemplo, são feitos para atender os anseios masculinos. A sociedade como um todo é. Talvez por isso, 40% das mulheres não se masturbam, é o que diz a pesquisa Mosaico 2.0, realizada pela psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

“O homem aprende desde garoto a ter prazer pela masturbação. Quando a adolescência chega, está mais treinado, mais trabalhado do que a menina que só então, timidamente, começa a descobrir seu corpo, imaginando que precisa estar pronta no momento do encontro erótico e afetivo para não constranger o parceiro com sua inexperiência. Ela exige muito mais de si própria, o que dificulta seu desenvolvimento e o prazer sexual”, declarou Camila Abdo ao site do médico Drauzio Varella.

Camila diz que no Brasil metade das pessoas sofrem com problemas sexauis. A coordenadora do ProSex, no entanto, pede para que mulheres deixem de se cobrar e enxerga mudança do cenário, sobretudo entre as mais jovens.

“Insisto que as mulheres não devem ficar se cobrando o orgasmo intravaginal simultâneo. Diria mesmo que ele é quase um mito, pois é muito difícil duas pessoas chegarem ao mesmo tempo ao fim do ato sexual todas as vezes que se relacionam. Quando isso acontece, é motivo de festa, de comemoração”, complementa.

Psiquiatras e profissionais da saúde diversos se uniram para a criação do Portal da Sexualidade, que atende todo o Brasil pelo telefone 0800-162044, além de oferecer programa de assistência, diagnóstico e acompanhamento para os que lidam com problemas sexuais. Ainda segundo Camila, são realizadas 1200 consultas por mês, com 800 homens e 400 mulheres.

Não tem jeito, a educação sexual é indispensável para a sociedade deixar de vez costumes paternalistas. Questão de saúde pública, pois a falta de orgasmo gera insatisfação e irritação, além de esconder possíveis problemas de saúde como depressãodiabetesdeficiência hormonal e disfunções glandulares como hipotiroidismo e hipertiroidismo.

Informações: Hypness

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