Feirense dona de uma voz doce e de letras poéticas, Agnes Nunes lança clipe gravado na BA e sonha em subir no trio de Margareth e Ivete

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Dona de uma voz doce e de letras poéticas, a cantora Agnes Nunes, de 19 anos, voltou à Bahia, terra natal, para gravar o clipe do novo single “Última Dança”, que será lançado nesta sexta-feira (8), às 10h.

“Voltei para a Bahia porque tive necessidade de voltar. Queria me conectar com o que era de verdade”, afirmou a cantora.

Em entrevista ao g1, ela falou sobre o retorno às origens baianas, o início da carreira musical e o reconhecimento de grandes artistas brasileiros como Elza Soares e Seu Jorge.

“Eu não estava pisando meu pé na rua [por causa da pandemia da Covid-19]. Estava quase enlouquecendo e fui para a Bahia, porque sentia que tinha que ir. A Bahia me trouxe inspiração para terminar meu primeiro álbum, que será lançado em novembro”.

Nascida em Feira de Santana, a cerca de 100 quilômetros de Salvador, ela se mudou para o sertão da Paraíba com apenas nove meses para morar com a avó. Atualmente, Agnes mora em São Paulo por causa da carreia musical.

“Na minha infância nada foi fácil lá em casa. Nossa comida, nossas roupas, era tudo com muito suor. Minha mãe trabalhava dia e noite para mandar uns trocados para a minha avó para me alimentar. Minha avó ganhava o dinheiro da aposentadoria dela. Nunca sobrou dinheiro, era tudo para as coisas direcionadas”, explicou.

“Lá tinha o essencial: comida e teto. Eu fui criada pela minha mãe e pela minha avó. Sempre tivemos o básico. Sou muito feliz e agradecida por tudo que elas conseguiram me proporcionar”, complementou.

A baiana comentou também que sonha em subir no trio elétrico de duas cantoras baianas para sentir a energia do carnaval de Salvador.

“Tenho duas artistas que conheci que queria subir no trio para sentir a alegria que é Margareth e Veveta”, disse.

‘Última Dança’

Clipe foi gravado na península de Maraú, no baixo sul da Bahia — Foto: Divulgação/Lucas Nogueira

Clipe foi gravado na península de Maraú, no baixo sul da Bahia — Foto: Divulgação/Lucas Nogueira

A nova música de Agnes, intitulada de “Última Dança”, foi uma composição própria da artista e inspirada em uma vivência dela.

“Veio de um aprendizado que, por amor a gente também deixa ir, que o amor também é muito mais sobre liberdade, do que qualquer outra coisa”.

“Nasceu disso mesmo, de um relacionamento que eu tinha e precisei deixar a pessoa ir embora. Tipo, ‘amo muito você, mas justamente por isso, te deixo ir'”, explicou.

A letra da canção começou a ser escrita no Rio de Janeiro e foi finalizada na Bahia. Com as raízes nordestinas muito presentes na ascensão musical e artística, a cantora busca apresentar a valorização do Nordeste em seus trabalhos, e gravou o novo single em ritmo de xote.

“Não gosto de me rotular, gosto de cantar o que meu coração pede para eu cantar. É a primeira vez que faço uma música de ritmo gostoso de forró”, disse a cantora.

Clipe foi gravado na península de Maraú, no baixo sul da Bahia — Foto: Divulgação/Lucas Nogueira

Clipe foi gravado na península de Maraú, no baixo sul da Bahia — Foto: Divulgação/Lucas Nogueira

O clipe de “Última Dança”, dirigido por Dauto Galli, foi gravado em Barra Grande, na península de Maraú, no baixo sul da Bahia, que conta com belas praias e cenários paradisíacos.

Segundo Agnes, a gravação do clipe contou com atores e músicos locais. Nas cenas, ela aparece em meio a natureza, cantando em um luau nas areias de Barra Grande, na beira da praia, enquanto se despede de um amor em uma última dança.

“Gravar durante a pandemia foi babado, mas trabalho com profissionais maravilhosos. A equipe foi reduzida, tivemos o maior cuidado e carinho por cada pessoa que estava ali participando. Ficamos assustados em colocar mais gente no clipe, porque foi a primeira vez que fiz clipe com figurantes, pessoas além de mim, mas ocorreu tudo lindo, zero Covid”, afirmou.

Pandemia e processo criativo

Agnus Nunes volta à Bahia para gravar clipe de novo single — Foto: Divulgação/Lucas Nogueira

Agnus Nunes volta à Bahia para gravar clipe de novo single — Foto: Divulgação/Lucas Nogueira

Lidar com um trabalho que envolve processo criativo tem sido um dos desafios que os artistas têm enfrentado durante a pandemia da Covid-19. Para Agnes não foi diferente.

“Na pandemia eu tive que ressignificar muitas coisas. No começo fiquei meio agoniada e pensava: ‘Eu estou começando minha carreira e vou ser interrompida assim?'”, disse.

Apesar de passar por vários bloqueios criativos, a artista revelou que conseguiu escrever muitas músicas e finalizar o primeiro álbum, que deve ser lançado no mês de novembro.

“Aprendi a respeitar meu tempo, não sou uma máquina, sou um ser humano e tenho sentimentos e emoções. Teve dia que eu conseguia escrever duas, três músicas, e tinha mês que não conseguia escrever nada”, disse.

Vacinada com duas doses da vacina contra covid-19, Agnes lembrou dois artistas vítimas da doença, que considerava como inspirações. Ela também se mostrou solidaria aos quase 600 mil mortos pelo coronavírus no país.

“Perdi pessoas que eram queridas, que são minha inspiração como Paulo Gustavo e Tarcísio Meira. Também fiquei muito mal por milhares de pessoas que morreram”.

Carreira musical

Agnes diz que sua carreira musical começou desde que nasceu. Segundo ela, a mãe sempre foi uma pessoa muito musical e a inspirou a seguir essa carreira. Quando tinha apenas 14 anos, a baiana gravou um vídeo cantando e postou na internet.

“Postei o vídeo escondido de minha mãe. Nem tinha a intenção de virar cantora, porque eu morava no sertão, no interior, e a chance era pequena”, explicou.

Até esta sexta-feira (8), o primeiro vídeo postado no canal da cantora acumulava mais de 600 mil visualizações.

Aos 16 anos, ela foi contratada por uma gravadora. Desde então já gravou música com Tiago Iorc e Xamã, além de cantar com Elza Soares e Seu Jorge.

“Foi uma honra cantar com Elza, ela é uma lenda viva, e Seu Jorge é uma inspiração, um dos melhores artistas do país. Ter cantado com eles foi mágico. No dia eu só me tremia e chorava”, relatou.

Agnes Nunes gravou música com Tiago Iorc — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Agnes Nunes gravou música com Tiago Iorc — Foto: Reprodução/Redes Sociais

“Eu estou em uma construção de uma longa caminhada. Agradeço por tudo o que eu tenho, por cada fã, por cada música, cada oportunidade que tenho de melhorar minha vida e da minha família”.

“Quero que daqui a 10, 15 anos, as pessoas escutem minha música como se fosse a primeira vez. Quero ser referência de mulher forte, negra, nordestina, de uma artista que conseguiu se consolidar”, complementou.

Para o futuro, Agnes diz que pretende seguir trabalhando, e se manter como inspiração, especialmente para jovens negros através das músicas que canta e compõe.

“Quero ser inspiração para que outras meninas e meninos negros saibam que se eu consegui, eles também podem. Nada é fácil, mas a gente tem que trabalhar e ir à luta”.

Informações; G1

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