Fantasia e autoconhecimento sexual ainda são tabu para mulheres; especialista dá dicas

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A música brasileira contemporânea conta com diversas canções que valorizam o empoderamento feminino, mas a realidade ainda está bem longe disso, principalmente quando o assunto é o prazer sexual da mulher. Enquanto é natural, e por vezes celebrada, a masturbação masculina, a situação muda de figura quando o corpo que se estimula é o feminino.

Segundo a sexóloga e médica ginecologista Lorena Magalhães, influenciam nessa questão as crenças limitantes impostas por religiões, a falta de autoconhecimento, o medo de ser julgada, o preconceito dos parceiros, entre outros. No entanto, o prazer feminino vai na contramão do medo: é possível alcançá-lo em sua plenitude quando a mulher se descobre, entende o que gosta, se comunica com a parceria e se liberta das amarras para sentir sem julgamentos.

Lorena explica que o prazer sexual feminino está muito relacionado à cabeça, pois é a partir do cérebro que a satisfação começa. Para isso, as mulheres precisam aceitar os estímulos como excitatórios: “Não é à toa que a gente costuma dizer que, para acontecer um orgasmo, é necessário ter fantasia e fricção. Fantasia é você ter pensamentos eróticos, se concentrar no momento, e a fricção é o contato. O autoconhecimento é o primeiro passo. Eu sempre falo que o sucesso do prazer sexual começa em você se liberar, perder aquelas crenças limitantes. Depois, em você ter uma boa comunicação com a sua parceria para poder dizer o que você gosta, e isso você só consegue se conhecendo. Esse é o caminho do prazer”, aponta Lorena.

A médica cita que os homens já foram criados, desde o início, para pensar em sexo de uma forma diferente das mulheres. O público feminino foi moldado para procriar, dispensando o prazer que poderia vir com as relações sexuais.

“A maneira de apresentar o sexo à mulher é bem diferente. Aí depois, querem que, aos trinta anos, ela se solte e tenha orgasmo. A gente não fala de masturbação feminina, parece que esse assunto não existe e que tudo que a gente não diz, parece que não existe. Então, a gente faz meio que escondido, principalmente naquela fase que a gente está aprendendo, descobrindo nosso corpo, descobrindo o que a gente gosta. Diferente da masculina, que é estimulada, aceita, valorizada”, compara.

A sexóloga pontua que os homens possuem diversos gatilhos para estimular sua excitação e, por isso, pensam mais em sexo durante o dia. Muitos deles estão em grupos de aplicativos de mensagens e sempre trocam imagens, mensagens mais picantes, já chegando em casa mais animados. Grande parte das mulheres, no entanto, não tem esse costume e “chega zerada em casa”. “O prazer para ele [homem] fica muito mais fácil porque ele é muito mais livre para tentar alcançar, para vivenciar esse prazer”, acrescenta.

Bloqueio

Lorena destaca que a ausência do autoconhecimento bloqueia o público feminino na busca pelo prazer. Ela lamenta que há diversas mulheres que não se masturbam, não conhecem seu próprio corpo, não olham a sua vulva, não valorizam essas sensações. Experimentar também é importante.

“O que mais nos bloqueia é o que nos foi dito, a forma que a gente foi criada, a forma que nos foram passadas várias informações de sexo. Então, a gente demora pra se tocar, a gente não se autoconhece, a gente demora para se posicionar na parceria, para dizer o que a gente gosta. Tem mulheres que, durante muito tempo, aceitam o que o marido faz, a forma como estimula, estão ali pra servir. Elas não se posicionam para dizer ‘eu gosto assim, faça desse jeito; eu preciso de preliminar, preciso ser tocada; eu preciso que exista toda uma sedução”, exemplifica.

A sexóloga lembra que o caminho do prazer obtido com o corpo feminino tem um outro movimento. Então, para ter a troca e a entrega, a mulher precisa falar e ter uma escuta aceita do outro lado. “Tem que existir essa coisa de preliminar, que também está na conversa antes, nas mensagens picantes, em a abrir porta do carro, em fazer o jantar, em discutir coisas de filho. Todo aquele toque, aquela troca de carícias antes são extremamente necessários para o caminho do prazer feminino”, direciona.

A especialista frisa que o orgasmo dura entre 6 e 10 segundos, então o ideal é que as mulheres vivam o caminho da excitação, se entreguem ao momento, pois a relação sexual pode ser satisfatória com orgasmo ou não. “Tem que gostar do caminho, das brincadeirinhas lá embaixo, troca de carícias, do sexo oral, carinho na mama. É preciso se libertar dessas ideias de que tem que ser de tal jeito. Seja livre para sentir, sem pressão, até mesmo para que o orgasmo venha”, aconselha.

Informações: Bnews

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