Esquema é desarticulado em Feira de Santana, prejuízos chegam a R$ 10 milhões

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As oito pessoas conduzidas pela Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (4), em Feira de Santana, em cumprimento a mandados de prisão preventiva poderão responder por estelionato, crime de corrupção ativa e passiva, crime financeiro, lavagem de dinheiro, entre outros crimes.

Por questões normativas a Polícia Federal não pode informar os nomes dos suspeitos, mas informou como funcionava o esquema que causou um prejuízo de mais de R$ 10 milhões a instituições financeiras. Entre os presos estão servidores de agências bancárias. 

As próprias intuições financeiras, lesadas pelas fraudes, ajudaram na investigação encaminhando os documentos solicitados. Com isso foram descobertos outros golpes que estão em investigação. Os nomes dos bancos também não foram divulgados.

Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade

Além dos mandados de prisão preventiva, também havia mandados de busca e apreensão com os quais foram apreendidos  cerca de dez carros. 

Segundo o delegado Wal Goulart, a Operação Assepticus, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em conjunto com o Ministério Público, tem o objetivo de desarticular uma organização criminosa atuante na região de Feira de Santana, especializada em fraudes contra instituições bancárias. As investigações iniciaram a partir de provas e colaborações premiadas obtidas na Operação Ali Babá, deflagrada em julho de 2016.

Delegado da Polícia Federal, Wal Goulart (Foto: Ed Santos/Acorda Cidade)

Ainda segundo o delegado, o escritório onde o esquema era gerenciado tinha sede em Feira de Santana.

“Se descobriu que uma nova célula da “Orcrim” foi reativada e eles estavam aplicando os golpes em instituições bancárias. Eles constituíam contratos sociais, constando pessoas inidôneas, nome falsos, superfaturavam o rendimento da empresa e conseguiam com a participação de servidores públicos a liberação de empréstimos e financiamentos vultosos que causaram um prejuízo em media de 10 milhões. A maior parte da organização criminosa é sediada em Feira de Santana, nós temos uma ramificação em Fortaleza no Ceará, temos em Salvador, Catu, Santa Bárbara, mas a base realmente era aqui em Feira de Santana, um escritório do crime como a gente chama, um escritório de contabilidade que era o local onde eram produzidos esses documentos aqui na cidade de Feira de Santana”, informou.

Peças-chaves

Procurador-geral Samir Nachef (Foto: Ed Santos/Acorda Cidade)

O procurador-geral a república, Samir Nachef, informou que a maioria das instituições bancárias lesadas é de Feira de Santana e que funcionários delas, envolvidos no esquema, eram peças-chaves dos golpes.

“Na operação de 2016 o foco eram particulares que davam golpes em instituições bancárias. Posteriormente as investigações prosseguiram e descobrimos que, além dos particulares, havia participação de alguns funcionários. Neste exato momento eu não vou falar o nome dessas pessoas, nem as instituições bancárias porque as operações estão em curso ainda, mas descobriu-se que esses funcionários eram peças-chaves do esquema. Graças à atuação deles que empréstimos vultosos eram liberados sem as garantias. Empresas de fachadas que não existiam na vida real, não tinham uma sede, nem funcionários, eram criadas da noite para o dia e com essas inúmeras documentações falsas e a participação desses funcionários das agências de instituições financeiras, empréstimos vultosos eram realizados”, explicou o procurador.

Questionado sobre funcionários de outras instituições envolvidos no esquema, o procurador informou que ainda não pode revelar detalhes, uma vez que algumas buscas ainda estão em andamento.

“Sim, envolvia instituições financeiras e havia também despachantes que atuavam em órgãos públicos, mas nesse exato momento a gente prefere não revelar ainda. Tem os particulares que faziam esses golpes – eram empresários, donos de lojas, de empresas – que em conluio com esses funcionários das agências bancárias aplicavam golpes. Então você tinha os empresários e você tinha também os servidores, além de despachantes que facilitavam o levantamento da documentação. Esse esquema funcionava inicialmente com a falsificação de contratos sociais, documentos de constituição da pessoa jurídica e impostos de renda falsificados. Criada a pessoa jurídica em conluio com esses funcionários das agências bancárias, esses particulares conseguiam empréstimos. Eles davam como garantia carros que não existiam, mostravam faturamentos da empresa que eram todos falsos, conseguiam capitais de giro e empréstimos para essas finalidades e levantavam essa verba toda, era assim”, explicou.

Fotos: Aldo Matos/Acorda Cidade

O advogado Guga Leal foi constituído pela família de um servidor público que foi preso em casa na cidade de Santa Bárbara. O advogado disse ao Acorda Cidade que o suspeito nega o crime e informa que foi inserido na operação por ter amizade com um alvo da operação e por ter emprestado dinheiro a ele.

“A operação é sigilosa. Ainda vamos ter acesso a todos os autos da operação que foi aberta no dia de hoje. Vamos esperar ele ser ouvido para levantarmos todas as informações. Ele não é alvo da operação Ali Babá, que deflagrou essa segunda operação, e disse que tem como provar sobre o empréstimo”, afirmou.

Fonte: Acorda Cidade

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