A presidente Dilma Rousseff afirmou, em entrevista ao jornal equatoriano “El Comercio”, que o Brasil não foi omisso em relação às últimas eleições parlamentares na Venezuela, quando a oposição ao presidente Nicolás Maduro conquistou a maioria dos assentos na Assembleia Nacional.
Na entrevista por e-mail, publicada no último domingo, 24, ela repetiu discurso de nota lançada pelo Itamaraty no início deste ano, em que o governo brasileiro prega o respeito ao resultado do pleito no país vizinho. Dilma afirmou que “ocorreu tudo, menos silêncio” por parte do Brasil em relação à Venezuela. Ela ressaltou que o governo brasileiro acompanhou, individualmente ou em conjunto com outros membros da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), “atentamente” os acontecimentos no país vizinho, a fim de contribuir para o diálogo e busca de soluções.
Segundo ela, o Brasil sempre pautou suas ações pelo princípio da “não-intervenção” e pleno respeito às autoridades e ao povo da Venezuela. A presidente brasileira destacou que a apuração das as eleições venezuelanas foi certificada pela própria Unasul, que enviou missão eleitoral ao país, e que os resultados foram “prontamente reconhecidos” por todas as forças políticas venezuelanas. “Com a instalação da nova Assembleia Nacional venezuelana, temos a expectativa de que todos os atores políticos na Venezuela mantenham e aperfeiçoem o diálogo e a boa convivência, que devem ser a marca por excelência das sociedades democráticas”, afirmou.
Logo após a eleição, contudo, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) impugnou os resultados das urnas no Estado de Amazonas, sob alegação de compra de votos. Mesmo com a decisão, três deputados opositores assumiram suas funções. Sem os três, a oposição perderia a supermaioria conquistada nas urnas. “Não há lugar, nesta América do Sul do século XXI, para soluções políticas fora das institucionalidade e absoluto respeito a democracia e ao Estado de direito”, afirmou Dilma na entrevista.