Desemprego cai para 13,2% em agosto, mas ainda atinge 13,7 milhões, aponta IBGE

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A taxa de desemprego no Brasil caiu para 13,2% no trimestre encerrado em agosto, mas a falta de trabalho ainda atinge 13,7 milhões de brasileiros, informou nesta quarta-feira (27) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a taxa mais baixa desde o trimestre encerrado em maio de 2020 (12,9%).

Apesar da queda do desemprego, a informalidade cresceu e o rendimento real dos brasileiros teve uma queda histórica.

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego estava em 13,7%, atingindo 14,1 milhões de pessoas.

Taxa de desemprego - agosto/21 — Foto: Economia g1

Taxa de desemprego – agosto/21 — Foto: Economia g1

desemprego recuou mais do que o esperado. A previsão mediana de 25 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data era de uma taxa de desemprego de 13,5% no trimestre terminado em agosto. O intervalo das estimativas era de 13,2% a 14%.

Evolução do número de desempregados - agosto/21 — Foto: Economia g1

Evolução do número de desempregados – agosto/21 — Foto: Economia g1

Ocupação cresce, mas rendimento médio tem queda histórica

número de pessoas ocupadas foi estimado em 90,2 milhões, o que representa um aumento de 4% em relação ao trimestre móvel anterior. Ou seja, um adicional de 3,4 milhões.

“O nível de ocupação subiu 2 pontos percentuais para 50,9%, o que indica que mais da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país. Em um ano, o contingente de ocupados avançou em 8,5 milhões de pessoas”, destacou o IBGE.

rendimento médio real do trabalhador foi de R$ 2.489 no trimestre encerrado em agosto – o que corresponde a uma redução de 4,3% em 3 meses e de 10,2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Esse resultado sinaliza uma corrosão da renda proveniente no trabalho em um ambiente de inflação nas alturas.

Segundo o IBGE, “foram as maiores quedas percentuais da série histórica”, iniciada em 2012, em ambas as comparações.

A massa de rendimento real, que é soma de todos os rendimentos dos trabalhadores, recuou 0,7% na comparação anual, atingindo R$ 219,2 bilhões, o que corresponde a R$1,5 bilhão a menos no bolso da população ocupada.

“A queda no rendimento está mostrando que, embora haja um maior número de pessoas ocupadas, nas diversas formas de inserção no mercado e em diversas atividades, essa população ocupada está sendo remunerada com rendimentos menoresA ocupação cresce, mas com rendimento do trabalho em queda”, afirmou Adriana Beringuy.

Segundo o IBGE, frente ao mesmo trimestre de 2020, as maiores reduções no rendimento médio ocorreram em ocupações na indústria (-13,8%, ou menos R$ 396), no segmento de alojamento e alimentação (11,6%, ou menos R$ 196), no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-9,6%, ou menos R$ 207) e na construção (-9,2%, ou menos R$ 187).

Rendimento médio real por categoria de ocupação — Foto: Economia G1

Rendimento médio real por categoria de ocupação — Foto: Economia G1

Conta própria e trabalho doméstico atingem recordes

O aumento da ocupação no país tem sido puxado pelo principalmente pela expansão do trabalho por conta própria e do emprego sem carteira assinada.

trabalho por conta própria atingiu novamente patamar recorde, somando 25,4 milhões de pessoas, com aumento 4,3% (mais 1 milhão de pessoas) em 3 meses. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o contingente avançou 3,9 milhões, alta de 18,1%.

O número de trabalhadores domésticos (faxineiras, passadeiras, jardineiros, etc.) aumentou 9,9% no trimestre, somando 5,5 milhões pessoas. Frente ao mesmo período do ano anterior, cresceu 21,2%, um adicional de 965 mil pessoas. As expansões trimestral e anual foram as maiores em toda em toda a série histórica da ocupação dos trabalhadores domésticos.

O número de empregados sem carteira cresceu 10,1% na comparação com o trimestre móvel anterior e 23,3% na comparação anual, somando 10,8 milhões.

Já o número de trabalhadores com carteira assinada aumentou em 1,1 milhão (4,2%) em 3 meses e em 1,9 milhão (6,8%) em 1 ano, totalizando 31 milhões de pessoas.

Trabalho por conta própria - agosto/21 — Foto: Economia g1

Trabalho por conta própria – agosto/21 — Foto: Economia g1

Número de informais segue abaixo do patamar pré-pandemia

Com o avanço do trabalho por conta própria sem CNPJ e do emprego sem carteira assinada, a taxa de informalidade passou de 40% no trimestre encerrado em maio para 41,1%, no trimestre encerrado em agosto, totalizando 37 milhões de pessoas.

O trabalho informal inclui trabalhadores sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores familiares auxiliares.

“Em um ano a população ocupada total expandiu em 8,5 milhões de pessoas, sendo que desse contingente 6 milhões eram trabalhadores informais”, destacou a pesquisadora do IBGE, acrescentando, entretanto, que o número de trabalhadores informais ainda se encontra abaixo do nível pré-pandemia e do máximo registrado no trimestre fechado em outubro de 2019, quando chegou a 38,8 milhões.

Subutilização recua, mas subocupação atinge recorde

A mão de obra ‘desperdiçada’ no país encolheu. O contingente de pessoas subutilizadas, aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial, somou 31,1 milhões, queda de 5,5% em relação ao trimestre anterior.

A taxa composta de subutilização para 27,4%, ante 30,6% há 1 ano.

Já os trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas, aqueles que trabalham menos horas do que poderiam trabalhar, atingiu o número recorde de 7,7 milhões de pessoas, um aumento de 4,7% (mais 343 mil pessoas). Na comparação anual, o indicador subiu 29,2% (1,7 milhão).

Os desalentados – pessoas que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado – somaram 5,3 milhões, uma redução de 6,4% em relação ao trimestre encerrado em maio e de 8,7% em 1 ano.

6 das 10 atividades econômicas geram empregos

O crescimento da ocupação no trimestre até agosto avançou em 6 dos 10 agrupamentos de atividades econômicas, com destaque para o aumento de 1,2 milhão de trabalhadores no segmento de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (7,8%), de 578 mil na indústria geral (5,3%) e de 620 mil pessoas na construção (10%).

Perspectivas

Apesar do mercado de trabalho continuar estar em trajetória de recuperação, indicadores econômicos têm mostrado uma perda de fôlego da economia nos últimos meses.

expectativa atual do mercado financeiro para o PIB é de uma alta de 4,97% em 2021, após o tombo de 4,1% no ano passado. Para 2022, porém, as projeções têm piorado e parte dos analistas já prevê um quadro de estagflação e até de recessão.

A piora das expectativas ocorre em meio ao aumento das incertezas fiscais após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter proposto na semana passada “furar” o teto de gastos (mecanismo que limite o aumento da maior parte das despesas à inflação do ano anterior) para bancar o Auxílio Brasil em 2022, ano de eleição presidencial.

O mercado financeiro também passou a projetar uma aceleração no ritmo de alta da taxa básica de juros. A expectativa é que a Selic termine 2021 em 8,75%, podendo chegar a dois dígitos em 2022. Juros em alta encarecem o investimento para as empresas e o consumo para as famílias, dificultando o crescimento econômico e a geração de um número maior de empregos.

“A desaceleração (acentuada) da atividade econômica esperada para o decorrer de 2022 impedirá um recuo mais expressivo da taxa de desemprego”, avaliou em nota a equipe e analistas da XP, que projeta que a taxa de desemprego encerrará 2021 a 12,6%, recuando para 12,2% no final de 2022.

Informações: G1

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