Crise no Inep: presidente do órgão diz que Enem e Enade serão ‘realizados normalmente’

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Em depoimento à Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Danilo Dupas Ribeiro, afirmou nesta quarta-feira (10) que a aplicação do Enem e do Enade está garantida. Ele foi chamado para prestar esclarecimentos sobre os pedidos de demissão em massa de servidores nos últimos dias, às vésperas da realização dos dois exames.

“O Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, Enade, serão realizados normalmente nas próximas semanas”, afirmou Dupas.

Segundo ele, a etapa de preparação das avaliações já foi concluída e agora falta apenas a distribuição das provas.

“Reforço que as aplicações estão garantidas, pois as fases preparatórias foram cumpridas, restando a distribuição das provas para sua aplicação”, acrescentou.

Nos últimos dias, 37 funcionários pediram para deixar suas funções alegando “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima” do órgão. Também mencionaram episódios de assédio moral, como a transferência de servidores contra a vontade deles.

Aos deputados, o presidente do Inep disse repudiar qualquer ato de assédio moral e que a movimentação de servidores é feita sempre com base no perfil do funcionário.

“Não compactuamos e repudiamos qualquer ato que se enquadre como assédio moral. As tomadas de decisão de movimentação de servidores para outros setores ou cargos foram e serão feitas sempre com base no perfil do funcionário e na natureza da atividade, no intuito de melhorar a execução dos serviços”, afirmou Dupas.

O presidente do Inep negou ainda ter exposto servidores do instituto a “situações humilhantes e constrangedoras” no ambiente de trabalho.

“Portanto, reafirmo, não há uma orientação e tampouco aconteceram situações em que eu expus as pessoas que compõem o quadro do instituto a situações humilhantes e constrangedoras no ambiente de trabalho e no exercício de suas atividades. Não aceito tal condita e peço que, se ocorrer uma situação do tipo com algum servidor, o caso seja denunciado em qualquer um dos canais de comunicação disponíveis”, disse.

Suposta tentativa de intervenção ideológica

Durante a reunião, o presidente do Inep foi questionado sobre o relato de servidores de que haveria uma tentativa de intervenção ideológica nas questões do Enem, com a censura de temas polêmicos.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) foi um dos que o indagaram sobre isso, mas sem dar detalhes do teor específico dessas denúncias recebidas pelos parlamentares.

Ainda em relação a essa suposta tentativa de interferência, o deputado Professor Israel Batista (PV-DF) afirmou que técnicos do Inep contaram ter tido seus nomes barrados na participação da elaboração da prova.

Dupas negou. “Foram seguidos todos os procedimentos internos. Os professores que fizeram parte da montagem da prova fazem parte do próprio banco [Banco Nacional de Itens (BNI)] instituído pelo Inep. Então, não houve nenhuma intercorrência referente à composição dos professores, e os itens, inclusive, já estavam no banco.

A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) disse ter se reunido com representantes dos servidores que, além de episódios de assédio moral, relataram pressão por parte de dirigentes para servidores assinarem documentos que não condizem com pareceres e decisões da equipe técnica.

Segundo a parlamentar, eles também citaram haver um processo de intimidação com a alocação de servidores para áreas para as quais não teriam indicação como forma de retaliação.

A deputada afirmou ainda que esses representantes contaram haver deturpação de documentos do sistema eletrônico do Inep.

Reunião com sindicato

Na audiência na Câmara, o presidente do Inep afirmou que está aberto para dialogar com a associação que representa os servidores (Assinep).

Segundo ele, uma reunião com representantes do Ministério da Educação (MEC) e da associação deve acontecer ainda nesta quarta-feira (10).

No entanto, procurado pelo g1, Alexandre Retamal, presidente da Assinep, disse que não participará do encontro porque pretende fazer antes uma reunião interna entre os servidores.

Entre outras atribuições, o Inep, que é ligado ao Ministério da Educação, é responsável pelo Enem, utilizado para avaliação do ensino médio e ingresso no ensino superior.

A debandada acontece às vésperas da aplicação do Enem, prevista para os dias 21 e 28 de novembro, e também da realização do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), usado para avaliar cursos de ensino superior e que será neste domingo (14).

Apesar dos pedidos de demissão, os servidores continuam ocupando seus cargos e funções até que a exoneração seja publicada no Diário Oficial da União (DOU), o que pode levar semanas ou meses. A decisão fica a critério da direção do Inep.

Esse servidores são funcionários públicos concursados e continuarão trabalhando no instituto. Eles estão apenas abrindo mão dos postos de coordenação para os quais tinham sido designados.

Informações: G1

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