Coreia do Norte reconhece que há um primeiro surto de Covid no país

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A Coreia do Norte reconheceu nesta quinta-feira (12) seu primeiro surto de Covid-19 no país desde o início da pandemia e declarou uma “grave emergência nacional”, o que levou Kim Jong Un a ordenar o confinamento em todo o país.

Até agora, a empobrecida nação não havia admitido nenhum caso de coronavírus. O país decretou no início de 2020 um bloqueio severo com o exterior, o que derrubou sua economia e comércio.

A agência oficial de notícias KCNA informou que as amostras coletadas de vários pacientes doentes com febre em Pyongyang no domingo eram “consistentes” com a altamente contagiosa variante ômicron do coronavírus.

Kim Jong Un, líder norte coreano durante evento em Pyongyang — Foto: KCNA via REUTERS

Kim Jong Un, líder norte coreano durante evento em Pyongyang — Foto: KCNA via REUTERS

De acordo com a agência, o líder norte-coreano Kim Jong Un convocou uma reunião de emergência de seu gabinete político e anunciou que implementaria um sistema de controle do vírus de “emergência máxima” com o objetivo de “eliminar a raiz no menor tempo possível”.

 

“Kim ordenou a todas as cidades e municípios do país que adotem o confinamento cuidadoso em suas áreas”, afirmou a KCNA.

 

Fábricas, estabelecimentos comerciais e residências devem permanecer fechados e reorganizados para “bloquear de maneira impecável a propagação do vírus maligno”, insistiu a agência estatal.

 

“Kim garantiu que, devido ao alto nível de conscientização política da população, superaremos com toda segurança a emergência e teremos êxito com o plano de quarentena de emergência”, acrescentou.

 

Mulher mostra resultado de exame de Covid-19 a agente do governo em rua de Pequim, na China, em 10 de maio de 2022 — Foto: Reuters

Mulher mostra resultado de exame de Covid-19 a agente do governo em rua de Pequim, na China, em 10 de maio de 2022 — Foto: Reuters

O comunicado pouco transparente não revela quantos casos foram detectados no país.

 

“Para que Pyongyang admita publicamente casos de ômicron, a situação de saúde pública deve ser grave. Pyongyang provavelmente vai insistir com os confinamentos, apesar do fracasso da estratégia Covid zero da China sugerir que esta abordagem não funciona com a variante ômicron”, disse o professor Leif-Eric Easley da Universidade Ewha de Seul.

 

 

Sem vacinas?

 

Analistas acreditam que a Coreia do Norte não vacinou nenhum de seus 25 milhões de habitantes depois de rejeitar as ofertas de doses da Organização Mundial da Saúde (OMS), da China e da Rússia.

 

Imagem de vacina diante de placa escrita Covid — Foto: Tatyana Makeyeva/REUTERS

Também consideram que o deficiente sistema de saúde do país isolado enfrentaria muitas dificuldades para enfrentar um grande surto de Covid-19.

A Coreia do Norte fica próxima de países que enfrentaram ou ainda enfrentam surtos da variante ômicron, como Coreia do Sul e China, onde várias cidades estão em confinamento severo há várias semanas.

A NK News, especializada em temas norte-coreanos e que tem sede em Seul, afirmou que algumas áreas de Pyongyang estão em confinamento há dois dias.

 

“Várias fontes ouviram relatos de compras de pânico devido à incerteza de quando o confinamento terminará”, destacou a publicação.

 

Ao que tudo indica, a Coreia do Norte tentará evitar as medidas extremas da China, como “encarcerar virtualmente seus habitantes em apartamentos”, disse Cheong Seong-chang, do Instituto Sejong.

 

Agentes de saúde nas ruas de Pequim, na China — Foto: Carlos Garcia Rawlins/REUTERS

“Porém, mesmo os confinamentos mais limitados provocarão uma grave escassez de comida e o mesmo caos que a China enfrenta”, afirmou.

Durante toda a pandemia, a Coreia do Norte expressou orgulho por sua declarada capacidade de manter o vírus fora de suas fronteiras. Em um desfile militar em 2020, Kim agradeceu aos cidadãos e aos militares por seus esforços.

 

Desde o início da pandemia, o país não havia confirmado nenhum caso ou morte por Covid-19.

 

 

Funcionários da saúde em atividade na cidade de Pequim, na China — Foto: Carlos Garcia Rawlins/REUTERS

 

Embora a imprensa estatal tenha anunciado medidas de “prevenção da epidemia”, em um grande desfile militar no mês passado na capital nenhum dos milhares de participantes usava máscara.

O surto da doença pode frear o programa armamentista do país, que executou 15 testes de mísseis desde o início do ano, incluindo um míssil balístico intercontinental.

 

Fonte: g1.globo.com

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