O diretor do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), José Carlos Pitangueira, cobrou na manhã desta segunda-feira (9) a construção de um hospital municipal em Feira de Santana. Em entrevista ao Acorda Cidade, ele argumentou que municípios menores possuem uma unidade própria e a falta do equipamento público tem acarretado na superlotação da urgência e emergência do Clériston.
“No momento na sala amarela que é masculina tem 32 pacientes onde comporta 13, a feminina tem 28 em um lugar que comporta 13. O ortotrauma acomoda 5, tem 18. Em outra sala tem 9 em um lugar que comporta 6. Não tem uma vaga de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O problema é um só: as UPAs estão fechando em fim de semana, e o Clériston não é porta aberta em determinados casos. Agora, regulação trabalha com leito, e se não tiver leito, não tem vaga para ninguém”, reclamou o diretor.
Ele questionou por que o município não investe no hospital municipal, no mesmo local onde funciona a unidade para atendimento aos pacientes com covid-19.
“O hospital da prefeitura que tinha covid podia fazer uma cobertura agora que está abandonado assim. Tem 163 pessoas morrendo, por que não abre um hospital? Nós não temos hospital municipal, o prefeito poderia pensar em abrir esse aí para dar cobertura à população. Eu acho muito engraçado que o único hospital, o Clériston, prende maca, porque nós não temos mais onde botar. Acabou esse negócio de botar no chão, nós colocamos essa semana em cadeira, nós tínhamos 7 anos que não botávamos em cadeira. Tinham 6 pessoas em cadeira, ortotrauma ficou no corredor, não tinha onde botar mais ninguém. Eu convido quem quiser visitar cheio, não é fim de semana não, é de segunda a domingo todo cheio, pode vir aqui. Ficam vindo para o Clériston, 33 acidentes de moto, como é que vai fazer? Você vê na UTI agora, doze pessoas internadas de Traumatismo Crânio Encefálico (TCE), que estavam sem capacete, não vão sair da UTI tão cedo”, protestou Pitangueira.
O diretor afirmou que não existe possibilidade de criar mais leitos dentro do HGCA. “Vão ser mais 87 agora na terceira ampliação, eu digo a você que todo dia estará cheio. Nós estamos sem opções para outro hospital, um municipal. O segundo município da Bahia não tem um hospital? Santo Estêvão tem, São Gonçalo tem, pequeno ou não, mas tem, faz um pequeno de 70 leitos, pelo menos não ficavam 30 pessoas esperando a UTI. O hospital Clériston poderia ficar para fazer todos os atendimentos e esse hospital transferiria o excesso do Clériston para poder atender as UPAs. Tem tanta coisa que pode ser feita. Mas só regulação? Regulação regula leitos, se não tiver leito, não é regulado. Se tivesse atendimento básico sendo feito, você não ia ter assim não, ia ser controlada. O atendimento básico protege os seus pacientes para não ter problema depois. O AVC é quem está com pressão alta, quem tem problemas, isso é o que causa o AVC, se a pessoa acompanhar desde a atenção básica não vai ter o problema”, reforçou.
José Carlos Pitangueira voltou a destacar ainda o papel da blitz no município e rodovias que cortam a região para evitar o alto índice de acidentes de motos.
“A Polícia Militar, a companhia das motocicletas, o pessoal da prefeitura, do trânsito, e a Polícia Rodoviária Federal têm que ser reconhecidos com ajuda. A blitz é para proteger do acontecimento. A Polícia Rodoviária Federal faz a blitz, tem que ser reconhecida, porque existe necessidade, a polícia está protegendo, o pessoal de trânsito da prefeitura está protegendo. Eu vim da estrada hoje, tinha 8 acidentes tanto de um lado, como do outro, e aí, vai para onde? Para o hospital, amigo, não vai para a UPA, vem para a gente. Tem que atacar a causa, nós temos que sentar para vermos o que podemos fazer”, encerrou.
Informações: AC