Conheça o fenômeno BigMartt, cantor de forró que viralizou apanhando em vídeos ‘motivacionais’

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Antes de se tornar cantor e compositor de forró eletrônico, BigMartt trabalhou no campo, como gari, ourives, mototáxi e locutor de carro de som. Desde julho, o maranhense de 38 anos pode acrescentar “coach motivacional” e “humorista” à lista de ocupações. Há dois meses,  o cantor postou o primeiro vídeo em suas redes em que aparece caminhando num plano-sequência em direção à câmera enquanto fala frases como “As dificuldades podem até lhe derrubar, mas você vai se levantar mais forte” e “Você não pode esperar que seu sucesso caia do céu, porque só o que cai do céu é avião e chuva”. No trajeto, é alvejado por todo tipo de objetos, de barris a uma caixa d’água.

Os vídeos bem-humorados e com produção caseira conquistaram influenciadores, como o humorista Tirullipa, aumentando a base das redes des de BigMartt em suas redes. No Instagram, o cantor soma 169 mil seguidores, e no Tik Tok, 431 mil. Na rede de vídeos, as produções “motivacionais” chegam a passar de 5 milhões de visualizações.

Gravados no quintal da casa da mãe do cantor em Governador Nunes Freire, cidade de 25 habitantes a 224 quilômetros da capital São Luiz, os vídeos impressionam pelo número de vezes em que BigMartt é atingido e por sua capacidade de sair ileso. Segundo o cantor, o único contratempo até agora veio de uma produção que inicia com ele enterrado num monte de areia.

— Era um monte de areia que estava há muito tempo parado, onde os gatos faziam as necessidades. Acabei pegando uma micose —- conta BigMartt. — Muita gente acha que me machuco, mas sei como fazer, como absorver o impacto, a intensidade de força para jogarem as coisas em mim. O primeiro vídeo, em que falei o texto de improviso, foi o que apanhei mais, porque tive que repetir a cena várias vezes.

Quem constantemente aparece jogando os objetos ou acertando BigMartt com pedaços de pau é sua mulher, Valmicélia, e seu sobrinho, Emerson. Mas qualquer pessoa que passe pela porta da casa do cantor pode ser “convocado” para participar dos vídeos, todos gravados com um celular. Além de dirigir as cenas,  BigMartt também escreve os textos e cuida do figurino: nos vídeos, ele aparece sempre de camisa azul.

— Acho que isso ajuda a marcar o personagem. Se saio na rua de camisa azul, as pessoas me reconhecem na hora. A minha infância inteira via o “Chaves”, e todos os personagens usavam sempre as mesmas roupas, mas as pessoas não se cansavam. A gente sabia até as piadas, mas não parava de ver — comenta. — As frases dos roteiros também são minhas. Fui fazendo sem planejar muito, até porque não assistia a vídeos motivacionais. O retorno tem sido ótimo, até para quem consegue pegar alguma mensagem real que passo através do humor.

A repercussão dos vídeos também ajuda a alavancar a carreira da banda montada com seu irmão, a BigMartt & Dhiego — Os Meninos da BR. Nascido Erivaldo da Silva Ezequiel, o cantor e compositor adotou em sua carreira artística o apelido pelo qual era conhecido na cidade, retirado do nome do mercadinho que sua mãe montou no local.

— Agora as oportunidades estão voltando, mas durante no ano passado, sem poder tocar, precisei contar com doações de familiares e amigos — diz BigMartt, que não descarta seguir carreira no humor. — No Maranhão é mais difícil, não temos a tradição do humor do Ceará, por exemplo. Mas, mesmo o meu sonho sendo a música, preciso focar no que está dando certo.

Com o sucesso nas redes, BigMartt diz já ter visto cópias de seus vídeos em outros canais. Mas o coach que mais apanha na internet garante que nenhum dos plagiadores tem a mesma desenvoltura para ser atingido por um fogão arremessado em suas costas:

— Comecei a trabalhar na roça aos 10 anos, carregando saco de mandioca, enchendo caminhão. Para quem se acostumou com isso, uma pancada não é nada. Nos comentários, o pessoal fala que não vou passar dos 40 anos, às vezes até o câmera me olha preocupado. Mas até no ensaio gosto de fazer com o povo me jogando as coisas, para não ter erro na hora de gravar. Minha maior preocupação é o algoritmo entender tudo sempre como quadros de humor, para não derrubar os vídeos depois.

Informações: O Globo

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