Coelha morre em ‘pet resort’ na BA e tutora denuncia negligência; cachorro fez cirurgias após hospedagem no local

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Duas tutoras de animais denunciaram um resort para pets que fica na cidade de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador, por negligência. A coelha de uma delas morreu no local, e o cachorro da outra teve ferimentos na orelha e precisou passar por duas cirurgias, após hospedagem no estabelecimento.

O caso mais recente é o da coelha Maria Berenice, apelidada de Nicinha, animal de estimação da jornalista Thaís Borges. O animal ficou hospedado por quatro dias no local, e morreu na manhã de segunda-feira (29). Ao g1, Thaís contou que está em viagem e precisou deixar a coelha e dois cachorros no Jack’s Pet Resort.

A notícia da morte de Nicinha foi dada por telefone, por uma das sócias do estabelecimento. A jornalista contou que estranhou a ligação, já que a maior parte da comunicação sobre o dia a dia dos animais era feita via aplicativo de mensagens.

“Ontem [segunda, 29], uma das sócias me mandou mensagem às 11h27, dizendo que queria falar comigo. Vi umas 11h55 e fiquei preocupada, porque esse não é o contato que eles fazem. Ela ligou e disse que tinha uma notícia ruim para me dar: Nicinha veio a óbito. Eu entrei em pânico! Estava em um ônibus de turismo, comecei a chorar loucamente. Foi desesperador e não me falaram o que tinha acontecido”, relatou Thaís.

Coelha morre em 'pet resort' na BA e tutora denuncia negligência — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Coelha morre em ‘pet resort’ na BA e tutora denuncia negligência — Foto: Reprodução/Redes Sociais

De acordo com ela, a dona do estabelecimento disse que o animal estava com falhas no pelo e marcas de lambida – o que indica que pode ter sido atacado por outro bicho. A sócia, no entanto, disse que o local onde o coelho estava era um “ponto cego”, e que as câmeras não registraram o que aconteceu.

“Ela só me falou o que aconteceu na segunda vez que falei com ela. E admitiu que Nicinha tinha sido encontrada às 5h40 e só fui saber seis horas depois. Ela foi encontrada fora do cercado. Se foi fora do cercado, alguma coisa aconteceu”, disse.

A revolta de Thaís foi ainda maior porque a clínica informou que não levaria a coelha para fazer a necropsia no médico veterinário indicado por ela, que acompanha o bicho desde que nasceu. Segundo o estabelecimento, por causa do contrato, o animal foi levado para uma instituição pública.

“Elas queriam minha autorização para levar para a necropsia. Falei que era para entrar em contato com o veterinário, que me indicou o serviço para fazer a necropsia. Mas a clínica disse que, pelo contrato, tinha que ser numa instituição pública e encaminharam para a UFBA. A minha vontade é que ela tivesse ido pelo estabelecimento para o profissional que sempre acompanhou”.

g1 não conseguiu falar com o estabelecimento. Até a publicação desta reportagem, Thaís ainda não havia chegado em Salvador, cidade onde mora. A jornalista informou que pretende registrar ocorrência do caso em delegacia quando chegar de viagem e vai adotar outras medidas cabíveis.

Cachorro passou por cirurgias

Cachorro também foi negligenciado em pet resort e precisou passar por cirurgias — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Cachorro também foi negligenciado em pet resort e precisou passar por cirurgias — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Depois que o caso da coelha Nicinha repercutiu nas redes sociais, a tutora do cachorro Bud, Monna Almeida, também resolveu denunciar maus tratos sofridos pelo animal dela, há um ano. Bud é um cão da raça Pit Bull e já era cliente do pet resort.

Depois de duas estadias e de fazer parte da creche do estabelecimento, que antes tinha o nome SmartPet, Bud foi hospedado no resort durante uma viagem de sua tutora, no réveillon de 2021.

“Ele ficou lá no período do réveillon, de 27 de dezembro de 2020 a 3 de janeiro de 2021. Eu e meu esposo viajamos. Antes de ir, deixamos uma medicação contra carrapatos para colocar no dorso dele, porque lá tem muitos animais. Nós deixamos avisando que não podia molhar pra medicação fazer efeito. No mesmo dia mandaram foto no grupo de Bud brincando na mangueira”, contou Monna.

Dias depois, Monna também recebeu uma mensagem da clínica informando que Bud havia sido mordido na orelha ao brincar com uma labradora. No entanto, conforme ela, a situação foi minimizada.

“No dia 31, me mandaram essa mensagem, mas disseram que ele tinha sido só arranhado. Aí eles disseram que fizeram um curativo, mas estava me avisando para me deixar despreocupada. Isso foi por volta de 17h, já no final do dia. Perguntei se estava tudo bem e disseram que sim, e repetiram que foi só um arranhão”, relatou ela.

Cachorro também foi negligenciado em pet resort e precisou passar por cirurgias — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Cachorro também foi negligenciado em pet resort e precisou passar por cirurgias — Foto: Reprodução/Redes Sociais

No dia seguinte, outra surpresa: o que era apenas um arranhão virou uma orelha rasgada. E novamente o contato por mensagens.

“Na manhã do dia 1º, eles me mandaram uma foto da orelha dele rasgada em dois pedaços. Disseram que eles estavam brincando e que machucou mais. Não tem como em um dia ter arranhado e no outro ter dilacerado daquela forma. Ainda me falaram que mandaram uma foto para a veterinária, que disse não precisava dar ponto, apenas mandou uma receita médica, e que com um curativo cicatrizava por si só”

“Voltei para Salvador, adiantei minha viagem. Peguei Bud e levei imediatamente em outra veterinária, que me disse que tinha que fazer cirurgia. Precisava tirar a parte necrosada, a parte ferida e inflamada. Ainda tinha que limpar uma parte que estava muito suja, e fazer sutura. Ele precisou ser anestesiado, e eu avisei a eles”.

Todo o processo levou cerca de 20 dias. Depois desse período, Monna levou Bud de volta à veterinária, para fazer revisão. “Quando chegamos lá, ela percebeu que os pontos estavam abertos e que ele tinha que passar por outra cirurgia. Por causa disso, hoje ele tem uma diferença nas orelhas”.

Monna afirma que não recebeu nenhum apoio da clínica para os procedimentos, mesmo tendo procurado o estabelecimento.

“Eles não me responderam mais. Quando eu consegui falar, em outro número, me disseram que isso acontecia mesmo, que era uma fatalidade. Disseram que é a mesma coisa que deixar uma criança na escola e a criança se machucar. Eles tinham que ter se responsabilizado por isso. Como eu achei que fosse um fato isolado, deixei para lá”.

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