China detecta o primeiro contágio de nova gripe aviária H10N3 em humanos

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Um homem de 41 anos na província de Jiangsu, no leste da China, é o primeiro ser humano infectado pela gripe aviária H10N3, de acordo com as autoridades de saúde do país. Em um comunicado, elas enfatizam que não há indícios de que a doença seja transmissível de uma pessoa para outra e que o risco de propagação extensa é “muito baixo”.

De acordo com explicações apresentadas nesta terça-feira pela Comissão Nacional de Saúde, equivalente na China ao Ministério da Saúde, o homem, residente na cidade de Zhenjiang, começou a se sentir mal no dia 23 de abril, com sintomas que incluíam febre. Foi internado em um hospital local cinco dias depois. Em 28 de maio, após a conclusão do sequenciamento genético do vírus que o infectou, o paciente recebeu o diagnóstico definitivo. Era a nova variante da gripe aviária, H10N3. Foi o primeiro caso detectado no mundo, afirma a Comissão de Saúde.

O comunicado não especifica como exatamente o paciente foi infectado, mas informa que ele já está em recuperação e prestes a receber alta. Enfatiza ainda que o vírus H10N3, um subtipo daquele que causa a gripe aviária, vem de aves e não tem a capacidade de infectar humanos de modo eficaz, por isso, é improvável que ocorram muitas outras infecções. Os contatos do paciente foram rastreados e nenhum outro caso foi detectado, assinala.

“Nenhum caso de H10N3 transmitido entre humanos foi detectado em qualquer lugar do mundo”, lembra a Comissão, que destaca que mesmo entre as aves este vírus é relativamente pouco infeccioso. “Este caso é de uma transmissão zoonótica [entre espécies animais] ocasional de ave para homem; o risco de uma propagação em grande escala é muito baixo”, acrescenta.

Um trabalhador chinês desinfeta um pombal como medida preventiva contra a gripe aviária na cidade portuária de Qingdao, no leste da China, em 2019.
Um trabalhador chinês desinfeta um pombal como medida preventiva contra a gripe aviária na cidade portuária de Qingdao, no leste da China, em 2019.EFE

O órgão chinês da saúde pediu aos cidadãos que evitem o contato com aves mortas e tentem não se aproximar das vivas. Também orienta a manterem a higiene alimentar e consultar um médico imediatamente se ocorrerem sintomas como febre ou dificuldades respiratórias.

Entre as aves, o H10N3 se dissemina de maneira semelhante à gripe comum ou à covid-19, por meio de pequenas gotículas dispersas pelos animais em sua respiração, disse o vice-diretor do Departamento de Biologia Patogênica da Universidade de Wuhan, Yang Zhanqiu, ao jornal Global Times

Gripes aviárias, frequentes na China

Casos de infecção humana por vírus que causam a gripe aviária não são raros, e a China é um país onde essas cepas surgem com relativa frequência. Em dezembro do ano passado, a província de Hunan, no centro do país, confirmou a infecção de um ser humano por outra cepa, o vírus H5N6. O país não detecta um número elevado de contágios por essa doença em pessoas desde 2016-2017, quando a cepa H7N9 causou a morte de cerca de 300 pessoas.

No mês passado, os cientistas chineses Gao Fu e Weifeng Shi publicaram um artigo na revista Science em que relembram que, como vem acontecendo ao longo da história, outra pandemia pode vir depois da de covid-19. Um possível suspeito, segundo eles, seria outra cepa do vírus da gripe aviária, o H5N8. Em fevereiro deste ano, cientistas russos alertaram que esse patógeno já havia dado o salto para os humanos, infectando sete trabalhadores em uma gigantesca fazenda no sul de seu país. Nenhum dos afetados desenvolveu sintomas.

Informações: EL PAIS

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