Brasil tem alta de 27,9% nos casos de sífilis em 2016, diz ministério

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O Ministério da Saúde informou nesta terça-feira (31) que o número de casos de sífilis em adultos aumentou 27,9% em 2016, em comparação com o ano anterior. Em gestantes, cresceu 14,7%, e a congênita, 4,7%. Diante dos dados, a diretora do Departamento de Vigilância Prevenção e Controle das DSTs, Adele Benzaken, afirmou que Brasil ainda vive em situação de epidemia.

A contaminação por sífilis é mais expressiva entre adultos, com 87.593 mil casos registrados no ano passado. Para 2017, a projeção do Ministério de Saúde é de 94.460 registros. Este crescimento ocorre desde 2010.

O governo federal afirma que as taxas ascendentes dos últimos anos estão relacionadas à melhora dos diagnósticos e à ampliação da oferta de testes do que a um aumento real no número de infecções.

“Subir números não significa piora do diagnóstico, mas a melhora da expertise. Fora isso, há toda a questão do investimento na transmissão vertical, da gestante com o parceiro. Da garantia do sexo seguro, do acompanhamento e tratamento [dos dois]”, explicou o secretário executivo do ministério, Antônio Carlos Nardi.

Remédios garantidos

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que o tratamento da doença sexualmente transmissível por uso de penicilina está garantido em todo o país. A ação será intensificada em 100 municípios do país que concentram 60% dos casos de sífilis. Segundo a pasta, a carência do antibiótico foi detectada pela primeira vez no Brasil em 2014 e, até pelo menos 2016, um outro medicamento estava sendo usado em alguns casos.

Para garantir a cobertura nacional do tratamento, Barros disse que investiu R$ 13,5 milhões na compra de 2,5 milhões de frascos de penicilina benzatina e 450 mil do tipo cristalina – de uso infantil. Segundo ele, a quantidade será suficiente para abastecer todos os municípios do país até março de 2019.

Ao todo, o governo vai destinar R$ 200 milhões aos municípios para reforçar as ações de combate a controle da doença. O montante será provenientes de emendas parlamentares.

Nos últimos anos, o aumento no número de casos de sífilis esteve relacionado não apenas à falta do medicamento, mas também à redução das campanhas de prevenção e combate, assim como pela redução no uso de preservativos durante as relações sexuais e pela resistência de gestantes a fazer o tratamento por conta dos efeitos colaterais.

“Todas as gestantes deveriam ser testadas, mas temos dificuldades ou com as equipes que estão lá na ponta ou com as gestantes que têm alguma resistência”, disse Barros.

Apesar do país ainda viver uma situação de epidemia, o ministro disse a situação está controlada. “Os números não são os que gostaríamos, mas estamos com todas as condições de reduzir os índices.”

Barros atribui o aumento de casos especialmente à falta de medicamento. “Houve um crescimento desproporcional relacionado à falta de penicilina”.

Em 2016, o governo precisou importar o fármaco para suprir as necessidades de tratamento em todo o país por dois anos. “Agora, nós já temos produção nacional e resolvemos esse problema.”

Devido ao problema, a obrigatoriedade do registro de casos de sífilis em adultos começou a valer em 2011.

Sífilis em gestantes

Os casos de sífilis na gestação têm taxas de crescimento menores, mas também estão em ascendência desde 2010. Segundo dados do Ministério da Saúde, no ano passado 37.436 mil gestantes foram infectadas. Destas, em 20.474 casos a doença foi transmitida para o bebê – a chamada sífilis congênita.

O governo espera reduzir a incidência da doença em gestantes para 30.470 mil e em bebês para 17.818 mil até o fim do ano. Para isso, Barros afirmou que vai dobrar o número de testes realizados por ano até 2018. Segundo ele, neste ano já houve aumento de 35% na distribuição em todo o país.

A recomendação médica é que as gestantes façam o teste dentro do primeiro trimestre de gravidez e um outro no terceiro. “A gestante está chegando depois do 5º mês, mas o diagnóstico precisa ser precoce para garantir que este bebê não vá nascer com a sífilis congênita”, diretora do Departamento de Vigilância Prevenção e Controle das DSTs Adele Benzaken.

Foto | Luiza Garonce/G1

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