Bahia terá 1,2 milhão de infectados pela Covid-19 em sete meses, aponta pesquisa de três universidades

IMAGEM_NOTICIA_0 (4)

O número de infectados na Bahia pela Covid-19 pode chegar a 1,2 milhão em sete meses, de acordo com uma projeção feita por três universidades públicas da Bahia. O estudo aponta ainda que, neste mesmo período, a doença estará presente em 402 municípios baianos. Salvador será o epicentro da doença concentrando 172 mil casos. Até a manhã desta sexta-feira (3), a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) havia identificado oficialmente 267 pacientes, 62,55% deles na capital baiana.

Mas esse número, de acordo com os pesquisadores, poderia ser muito maior se medidas de contenção do avanço do novo coronavírus não fossem tomadas pelos prefeitos e o governador do estado. Caso, não houvesse, por exemplo, a suspensão do transporte intermunicipal para 45 cidades do interior, a Bahia iria chegar a 3,9 milhões de infectados, tendo o pico da doença em meados de junho.

A projeção foi feita de forma conjunta por cerca de 30 pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Eles disponibilizaram os dados em um plataforma online (acesse aqui) que está sendo alimentada diariamente com números emitidos pela Sesab.

De acordo com o Washington Rocha, professor titular da Uefs e membro do Departamento de Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente, a projeção foi feita considerando o número do fluxo de passageiros nos terminais rodoviários e hidroviários e aeroportos do estado, medidas de bloqueios de transportes e a taxa de isolamento social da população.

No estudo, é levado em consideração, por exemplo, a quantidade de pessoas que moram em Salvador e que possivelmente retornaram para suas cidades natais durante a pandemia e, eventualmente, aquelas que chegaram de cidades com o maior número de infectados, como São Paulo.

“Aplicamos esse modelo para cada município e agregamos a análise de rede, considerando o fluxo de pessoas, ou seja, quantas pessoas de Salvador migram para outros municípios? E, fazendo um cálculo populacional, qual a probabilidade dessas pessoas estarem contaminadas e levando essa contaminação para cidades do interior? Inclusive sem saber, já que tem um período de incubação assintomático da doença. O método é capaz de mostrar uma redução quando se aplica o bloqueio rodoviário, por exemplo. Mas se nada fosse feito, o que não é o caso, esses números seriam assustadores”, explicou.

Cidades

Daqui a sete meses, a capital baiana continuará a ser a cidade do estado com o maior número de pacientes acometidos pela Covid-19. Feira de Santana, a primeira cidade da Bahia a registrar casos da doença no estado, também permanecerá no topo do ranking de contaminação, com 48,2 mil pacientes.

Já Camaçari, que segundo último boletim emitido pelo Sesab, possuía sete casos, chegará a 36,1 mil. Logo em seguida, virá Vitória da Conquista (36,1 mil) e Juazeiro (25,5 mil).

Isolamento social

Um outro levantamento feito pela startup brasileira In Loco com base em uma tecnologia que analisa dados de mais de 60 milhões de dispositivos móveis em todo o Brasil, apontou que, na Bahia, 49,9% da população adere ao isolamento social, medida considerada no momento mais eficaz no combate à propagação do vírus.

Mas a porcentagem, em comparação a outros estados do Nordeste, é a menor, embora a Bahia tenha o segundo maior número de casos na região, ficando atrás apenas do Ceará, que, segundo dados divulgado pelo Ministério da Saúde (MS), tinha notificado à pasta federal até a tarde da quinta (2) 550 casos. O isolamento por lá é de 53,4%.

Por: Nilson Marinho

OUTRAS NOTÍCIAS