Após ser recusado pela UFBA, condenado por pedofilia cursa medicina na UFRJ

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A pós passar 3 anos internado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico da Bahia, em Salvador, entre 2009 e 2012, depois de confessar ter abusado de pelo menos 15 jovens entre 7 e 15 anos, Diogo Nogueira Moreira Lima está estudando medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A matrícula dele na instituição fluminense, que aconteceu em 2014, por meio de cotas, se deu após a Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde ele estudava antes da condenação, negar o regresso do jovem à Faculdade de Medicina, alegando que o prazo de matrícula e justificativa havia expirado.

Diogo entrou na Justiça contra a negativa da UFBA, reivindicando o direito de retomar os estudos na instituição. Ele conseguiu a autorização judicial, em 2012, em uma ação cautelar. O pró-reitor de graduação da universidade, em 2012, chegou a dar uma declaração à imprensa afirmando que o impedimento da matrícula aconteceu para evitar casos de recaída. “Não queremos punir o rapaz, mas o curso de Medicina exige contato com crianças e adolescentes”, disse à época.

A pena aplicada a Diogo foi convertida em internação em hospital de custódia, em razão de ter ficado comprovado, segundo a sentença da Justiça Federal, “um distúrbio de ordem psicológica, transtorno de preferência sexual, conhecido como pedofilia”. Mesmo assim, foi dado ao jovem o direito de reingressar à instituição.

Mas, o estudante decidiu utilizar a nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para concorrer a uma vaga pelo Sistema de Seleção Unificado (Sisu) na UFRJ, onde foi aceito em 2014, novamente no curso de medicina. No entanto, apenas em 2019, os colegas de curso tiveram ciência da condenação do Diogo, o que tem causado repercussão dentro da faculdade.

Ao BNews, uma estudante de medicina da UFRJ, de 24 anos, que preferiu não se identificar, afirmou que, “apesar de não existir preconceito com um colega condenado pela Justiça, é, no mínimo, incongruente que alguém diagnosticado com transtorno de sexual possa, um dia, se tornar médico”.

Outro aluno da instituição, que também preferiu manter a identidade oculta, declarou que a preocupação maior do estudantes é saber se a UFRJ acompanha o estudante baiano. “A gente quer saber se é oferecido algum tipo de acompanhamento psiquiátrico e, também, se a instituição está sabendo do caso”, disse.

Fraude às cotas
Até então desconhecido, o nome de Diogo ganhou repercussão na faculdade durante uma assembleia do Centro Acadêmico Carlos Chagas, realizada pela gestão “Liberdade É Não Ter Medo”, no final do ano passado.

Na última quinta-feira (11), no entanto, foi divulgada uma lista com os nomes dos estudantes que serão investigados por suspeita de fraude às cotas raciais. O nome de Diogo aparece nos candidatos que, independentemente de renda, cursaram integralmente o ensino médio em escola pública.

BNews tentou contato com a assessoria de imprensa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. Também foi feito contato, sem sucesso, com o Conselho Federal de Medicina.

Fonte: BNews

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