APLB e Estudantes protestam na Câmara contra municipalização de Escolas Estaduais em Feira

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A presidente da Delegacia Sindical Sertaneja – conhecida como APLB/Feira, professora Marlede Oliveira, foi a primeira pessoa a usar a Tribuna Livre da Câmara Municipal de Feira de Santana neste ano. Ela discursou na manhã desta terça (8) de forma contrária à municipalização do Colégio Estadual Agostinho Fróes da Mota, que foi anunciada na semana passada.
Segundo ela, o sindicato não vai admitir que o secretário estadual de Educação, Jerônimo Rodrigues, decida, junto com demais integrantes da pasta, municipalizar o colégio sem discutir o assunto com os professores, estudantes, pais, funcionários e diretores da unidade escolar, pois são eles que conhecem a realidade educacional do colégio.
“Queremos dizer a quem interessa, especificamente aos governantes e à Secretaria de Educação, com seus técnicos em Salvador sentados lá nos gabinetes, e que não conhecem a realidade dos bairros de Feira de Santana e dos demais municípios, que não façam projetos de municipalização de escolas e discutam unilateralmente. Porque o que nós precisamos entender é que a escola pública está na lei, é democrática, e deve ser debatida com a população, com os estudantes e seus pais, com os professores, funcionários e aqueles que estão na administração das escolas”, disse.
E acrescentou: “A escola pública não é privada, como uma empresa, que tem um dono para dar as ordens e fazer o que quiser. Então nós, da APLB, estamos aqui, como sempre fizemos, para demonstrar nosso apoio ao povo, à classe trabalhadora e aos estudantes. Vamos lutar, resistir, e não vamos admitir que o senhor Jerônimo (Rodrigues, secretário estadual de Educação), que é professor da Uefs, tome essa decisão sem nos ouvir, sem discutir e dialogar, e simplesmente dizer que ele não pode voltar atrás nas decisões que tomou. Sem falar na secretária municipal de Educação Anaci Paim, que fez o acordo com ele”.
Marlede Oliveira citou ainda, durante seu discurso, outra escola que será municipalizada: a Escola Edelvira de Oliveira, situada no bairro Queimadinha. “Só há essa escola de ensino médio naquele bairro. Por que municipalizar aquela escola? Porque só atenderá aos estudantes do 9º ano, do ensino fundamental; não haverá mais ensino médio. Estamos lidando com filhos de muitos pais que ficaram desempregados nessa pandemia, e que estão à deriva do que o Estado abandona”.

Não existe mudança sem diálogo, diz professora do Colégio Edelvira Oliveira

O tratamento dado à Educação pelo Estado e Município de Feira de Santana foi questionado pela professora Dayana Rebouças, que na manhã desta terça-feira (8) falou na tribuna da Câmara Municipal sobre o processo de municipalização de escolas. Representando o Colégio Estadual Edelvira Oliveira, ela defendeu a necessidade do diálogo com estudantes, professores, funcionários e pais antes da implementação de mudanças como a que está sendo proposta.
Dayana Rebouças lamentou que não seja considerado o trabalho desenvolvido pela unidade de ensino, localizada no bairro Queimadinha. Ao ressaltar que não é contra a municipalização, que entende como equiparação de poderes, ela condenou a maneira como o processo vem sendo feito. “Sou contra desmontar uma escola, retirar as turmas do ensino médio e de EJA”, frisou.
“Eu acredito na política que respeita as diferenças”, disse a professora, ao pedir a intervenção dos vereadores para impedir o fechamento do Colégio. “Estamos educando, formando cidadãos”, enfatizou Dayana, cujo pronunciamento foi endossado pelo vereador Jhonatas Monteiro (PSOL). “As escolas têm sido coagidas, intimidadas, a entregar as pastas dos alunos, o que vai de encontro à lei”, ressaltou.
Jhonatas defendeu a manutenção da gestão democrática e a garantia da autonomia de cada unidade de ensino, até que haja discussão sobre o processo de municipalização, que ele definiu como mera incorporação imobiliária. Citando que a Queimadinha,  bairro com 20 mil habitantes, fica “na porta do centro de Feira de Santana, mas é tratada como periferia”, Jhonatas disse que está sendo negado o direito fundamental à educação.

Estudante do Agostinho Fróes da Mota se manifesta contra municipalização: “Não vamos desistir fácil”

A proposta de municipalização do Colégio Estadual Agostinho Fróes da Motta não tem aceitação dentro da comunidade escolar. A estudante Kel Lopes ocupou a Tribuna Livre da Câmara Municipal, na manhã desta terça-feira (8), para se manifestar, em nome dos colegas, contra o fechamento da unidade da rede estadual de ensino.
“Não aceitamos que a escola seja fechada, pois atende pessoas fora da idade escolar, dando oportunidade para a conclusão dos estudos”, afirmou Kel Lopes, destacando que esta é a única possibilidade para quem não cursou o ensino médio no período normal chegar à universidade. A estudante falou também sobre o comprometimento dos professores.
Segundo Kel Lopes, o Colégio Agostinho Fróes da Motta conta com um quadro de professores totalmente dedicados aos alunos. “Eles têm um jeito especial de ensinar pessoas, como eu, que têm dificuldades de aprendizado”, citou, lembrando que a qualificação é fundamental para assegurar espaço no mercado de trabalho. “Por isso não vamos desistir facilmente!”, avisou.

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