Alunos trocam mensagens racistas e colégio particular é acusado de omissão

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“Pretos morram”, “Pode macaco no ‘gp’?” e “Baniram piada de negros, porém não sabem que os negros já são a piada”. Essas são algumas frases escritas por pelo menos sete estudantes do 1º ano da Escola SEB Sartre, no bairro do Itaigara, em Salvador, de acordo com o Correio. O diálogo de cunho racista e ódio à comunidade negra veio à tona após o vazamento de conversas entre os alunos em grupos de troca de mensagens virtuais. Desde então, a instituição de ensino vem sendo acusada de omissão por pais e estudantes, que cobram um posicionamento da unidade.

De acordo com um aluno da SEB Sartre, ao Correio, a direção da escola chegou a ser comunicada sobre o caso, mas teria agido de forma negligente diante da situação. Ao passar em uma sala de aula, uma coordenadora da unidade teria pedido para que o assunto não se transformasse em “opressão”, a fim, entretanto, de poupar os autores das mensagens de possíveis “constrangimentos”, conforme aponta o estudante, que preferiu não se identificar.

Uma ex-aluna da rede Sartre e irmã de um dos estudantes negros da escola utilizou seu perfil em uma rede social para desabafar o seu sentimento em meio ao ocorrido. “Bom mesmo (rs) é acordar num sábado e descobrir que seu irmão, um jovem negro (assim como outros diversos alunos), principal alvo de violência estatal, não tem paz nem em um ambiente que deveria ser seguro porque é obrigado a conviver com pessoas racistas que fazem esse tipo de comentário abertamente. Desde quando estudei no Sartre, há uns 5 anos, o racismo é presente”, afirmou a jovem.

Caso geral revolta

Em repúdio à suposta omissão da SEB Sartre diante dos diálogos racistas, o Corpo de Alunos enviou à coordenação da sede da rede, no bairro do Itaigara, um documento onde é destacada a Lei 7.716, de janeiro de 1989, que define como crime atos de preconceito contra raça e cor no Brasil.

“Não toleramos nenhuma forma de discriminação étnica, seja ela realizada no ambiente presencial ou virtual, em nossa vivência e queremos evidenciar que diversos alunos negros e pardos sentiram-se psicologicamente lesados pelos atos”, diz o documento. E segue: “Embora não se tratem de fragmentos que citem ou utilizem o nome da instituição, as mensagens foram disseminadas por alunos comprometidos com os padrões éticos e normas de convivência estabelecidos pelo instituto em questão; sendo assim, põe-se em risco a própria imagem e reputação da rede Sartre”, diz o documento.

A reinvindicação do grupo é que medidas “punitivas” sejam adotadas por parte da escola. Além disso, os responsáveis pela assinatura do documento também cogitam a possibilidade de irem “às instâncias legais responsáveis pela jurisdição de crimes virtuais e danos à moral pública”.

Envolvidos tentam se desculpar

Apontado como um dos autores das mensagens de cunho racista, um estudante da SEB Sartre publicou em seu perfil pessoal do Instagram o que considera um pedido de desculpas: “Tive a indecência de fazer comentários de extremo mau gosto e muito ofensivo. Me arrependi em seguida, mas já era tarde e não pude fazer nada para consertar”, escreveu o adolescente no texto cujo o título é “Não foi ‘brincadeira’”.

Uma segunda jovem acusada de utilizar os discursos de ódio contra negros utilizou a ferramenta de mensagem privada de um dos perfis onde trechos dos diálogos foram divulgados para tornar público o seu pedido de desculpas. De acordo com a estudante, “a intenção de brincar”, e tudo teria sido combinado entre os envolvidos.

Informações: BNews

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