Acidente chama atenção para necessidade de espaços para prática de esportes

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Mais um ciclista é vítima da falta de espaço adequado para a prática esportiva na cidade de Feira de Santana. O acidente ocorrido na última sexta-feira (8), com o triatleta Gervásio Dionísio da Silva, levantou mais uma vez a questão para atletas de rua na cidade. Apesar do susto, o atleta não corre risco de vida, já que, além da pancada, só houve escoriações e um corte na orelha, apesar da cena da bicicleta danificada assustar.

De acordo com pessoas que viram o acidente, os danos ao atleta poderiam ter sido muito pior. A prática de atividade física tem crescido cada vez mais na cidade, porém não há um espaço destinado para tal. O exemplo são os diversos casos recentes de acidentes envolvendo ciclistas e corredores no município. A ciclista Maria Ivonete Santos da Silva, 57 anos, veio a falecer após ser atropelada por um ônibus, na Avenida Fraga Maia. De acordo com testemunhas, Maria Ivonete, e o ônibus seguiam no mesmo sentido, por volta das 7h, quando ela se desequilibrou ao passar pelo quebra-molas e se chocou com o ônibus; o triatleta Valnei Passos Almeida, de 54 anos, morreu após ser atropelado por um caminhão, na Avenida Nóide Cerqueira. O atleta morreu na hora e a bicicleta dele foi arrastada por vários metros; outro caso gravado por câmeras de segurança foi de um corredor que por pouco não foi atropelado na Avenida Getúlio Vargas.

Na contramão de grandes cidades do Brasil e o do mundo, Feira de Santana ainda não priorizou vias públicas para o lazer e práticas esportivas. “Sou treinador de ciclismo e Triathlon já perdi um aluno e amigo em um treino na avenida, vítima de atropelo por imprudência do motorista. E nessa última quinta-feira (6), um amigo foi atropelado. Além disso, somos constantemente ameaçados por veículos que não respeitam a distância exigida pelo CBT, e tiram “fino” de nós ciclistas constantemente. A Avenida Nóide Cerqueira é o único lugar que temos para realizar atividade física e prática de esportes. Uma sugestão seria estender a pista de cooper central ao longo da Avenida, instalar mais radares e agentes de fiscalização nos dias que a Avenida é mais utilizada por atletas (terças/quintas/sábados) que serviria para corredores e até mesmo alguns ciclistas”, pontou Lucas Maltez, atleta e treinador, que concluiu “A conscientização dos motoristas é fundamental”.

A Superintendência Municipal de Trânsito (SMT) realiza algumas ações em avenidas da cidade aos domingos, os tornando atrativos para famílias, no entanto acaba não sendo satisfatória para os praticantes de atividades físicas, já que são apenas alguns metros. “O trecho interditado é curto, não dá pra desenvolver uma atividade como corrida de rua ou ciclismo, além do aglomerado de pessoas ser grande devido ao pouco espaço. O ideal seria interditar um trecho de pelo menos 3km”, relatou Gildemar Medeiros, praticante de corrida de rua. Além disso, outros praticantes reclamam por não ter dias e horários fixos e definidos durante todo o ano; “Não vira um hábito entre os praticantes, por haver uma variação de local. O ideal seria trazer para Feira de Santana um local fixo, com bastante espaço, onde as pessoas pudessem se sentir seguros e acolhidos”, concluiu Gildemar.

Na capital do estado, Salvador, cinco vias são fechadas para o fluxo de veículos e livre para a diversão de pedestres, corredores e ciclistas aos Domingos e Feriados: Dique do Tororó, das 8h às 13h; Greenville, em Patamares, de 8h às 16h; Avenida Professor Magalhães Neto, das 6h às 17h; Farol da Barra de sexta a partir das 18h até 00h de segunda; e Narandiba das 8h às 16h.

A prática já existe desde 2013, e veio junto com um conjunto de ações integradas para incentivar o uso de bicicleta na capital. Ocorreram obras para ficar mais inclusiva, são mais de 245km de sistema cicloviário (ciclofaixa, ciclorrota e ciclovia). Além de Salvador, capitais como Maceió, Aracaju e Recife também adotaram esses métodos, é comum em grandes cidades pelo país.

Em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, cidade com menos da metade da população de Feira, a interdição de vias para esporte também acontece há quatro anos aos domingos e feriados, das 6h às 12h. A iniciativa foi para trazer mais tranquilidade para a prática de esporte e lazer aos fins de semana, na Avenida Olívia Flores. Um trecho da via direita da avenida é interditado para a passagem de veículos, ficando livre para receber atletas, famílias e grupos de amigos que queiram desfrutar o espaço para realizar atividades físicas ou passeios.

“Com essa ação da Prefeitura aumentou muito o número de praticantes nos últimos anos da modalidade corrida de rua, patins, skate, ciclismo e de pessoas que adotaram um novo hábito saudável de vida. Sem dizer, que a avenida fica mais bonita”, afirma o organizador de eventos esportivos Fábio Oliveira.

A reportagem do Folha do Estado entrou em contato com o Superintendente Municipal de Trânsito Maurício Carvalho, o qual por outros compromissos não pode atender, no entanto agendou uma entrevista para esta terça-feira (12), para tratar do assunto.

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