2 de Julho é tema de encenação musical gratuita no Pelourinho

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No mesmo momento em que explodem no país inúmeras manifestações pedindo melhorias nas condições de vida do brasileiro, Salvador  recebe dois espetáculos para homenagear os 190 anos de Independência da Bahia, comemorada no 2 de julho, data cívica mais importante do calendário baiano.

Amanhã, o Terreiro de Jesus recebe a Ópera da Independência, espetáculo cênico-musical com entrada gratuita. Já o Teatro Castro Alves, abriga a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) num concerto especial em homenagem ao dia.

Com direção de Paulo Dourado, a ópera será encenada em palco montado no Pelourinho. Além dessa apresentação, a peça poderá ser conferida mais duas vezes no mesmo local: sexta  e sábado, às 18h30. A trilha sonora original do espetáculo é assinada pelo cantor Gerônimo, que também participa da execução das músicas no palco, junto com sua banda e com a cantora convidada Aishá Roriz.

“A encenação dessa peça é muito importante porque demonstra uma sinergia entre o trabalho de turismo, cultura e história”, avalia Dourado. “O resultado disso é um trabalho de teatro contemporâneo popular totalmente aberto para o público”, completa.

Teatro épico
O roteiro da obra tem estrutura de teatro épico, alternando cenas musicais, diálogos dramáticos, narrativas e recitações. A narração central do espetáculo será do ator Jackson Costa (Vixe Maria! Deus e o Diabo na Bahia), que interpreta o poeta Castro Alves (1847-1871).

O texto se baseia nos principais eventos históricos que levaram à Independência da Bahia do domínio colonial português. Entre as passagens históricas, destacam-se: a intervenção presidida por Madeira de Melo(1775-1833), que como de Governador das Armas tornou a Bahia o maior baluarte do domínio português no Brasil e no palco mais sangrento da Guerra da Independência; os focos da resistência e a ação dos deputados baianos e dos mártires.

Para dar vida aos “sentinelas da liberdade”, como ficaram conhecidos os heróis independência, estão no elenco, além de Jackson, Andrea Elia , Cristiane Mendonça , Dody Só, Luis Pepeu, Urias Lima, Widoto Áquila, Narcival Rubens e Clara Paixão. A dramaturgia é assinada pela dramaturga  Cleise Mendes e a coreografia ficou a cargo de Jorge D’Santos. A ópera recorrerá ainda à projeção de uma cenografia virtual que terá dupla função: ilustrar os temas dramáticos e ampliar as imagens de cena, criando uma dinâmica para o público.

“Foi um grande privilégio trabalhar com essa personagem que a gente só conhece pelos livros”, afirma Andrea, que interpreta a heroína Maria Quitéria. “Passei a conhecer também detalhes da história dela, além de elementos da história da Bahia e do Brasil”, conta a atriz.

Filha de fazendeiro, Maria Quitéria (1792- 1853) não frequentou a escola formal, mas desde cedo demonstrou talento para combates. Ela caçava, montava e ainda manejava armas de fogo. Com o início das batalhas pela independência, Quitéria decidiu se alistar ao Exército.

Para isso, cortou o cabelo, vestiu-se de homem e se alistou com o nome de Medeiros, no Batalhão dos Voluntários do Príncipe. Tornou-se exemplo de bravura nos campos de batalha e foi promovida a cadete em 1823.

Teatro popular
Criado em 1992, o projeto Teatro Popular Contemporâneo busca os aspectos didáticos de episódios históricos e uma teatralidade contemporânea. Anteriormente, a companhia já montou outros espetáculos como  A Conspiração dos Alfaiates (1992), Canudos (1993), Lídia de Oxum (1995), Rei Brasil (2000), Búzios – Conspiração dos Alfaiates (2011) e A Paixão de Cristo (2011, 2012 e 2013).

Este ano, o espetáculo fará uma homenagem especial ao historiador baiano Luis Henrique Dias Tavares, que tem vasta produção bibliográfica sobe a história da Bahia.

No caso do 2 de Julho, a montagem mostra, por exemplo, que  grito de Independência do imperador D. Pedro I às margens do Ipiranga não foi o ponto definitivo para o início da formação da nação brasileira. A libertação do domínio lusitano aconteceu nos campos de batalha e comandado pelo povo.

Ao organizar seu exército, o general Pedro Labatut constatou que o mesmo era composto por “brancos pobres, negros libertos, escravos enviados por seus senhores e voluntários”, ressaltando em documento encaminhado ao Ministro José Bonifácio que “nenhum filho de proprietário rico constava como voluntário”.

As lutas no Recôncavo, comandadas por Labatut e por  José Joaquim de Lima e Silva, garantiram que os soldados brasileiros – o embrião do Exército – conseguissem sufocar a resistência lusa e consolidar o processo de independência nacional. Em junho, a presidente Dilma Roussef  sancionou a lei que inclui o 2 de Julho como data histórica do calendário de efemérides nacionais.

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