Polícia Federal ouve encarregado da obra na casa da filha de Temer

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Polícia Federal ouviu nesta terça-feira (19), em São Paulo, o encarregado da obra na casa de Maristela Temer, filha do presidente Michel Temer. Ele foi intimado pelo delegado, Cleyber Malta Lopes, que investiga se o presidente Michel Temer recebeu propina para beneficiar empresas do setor portuário, por meio da edição de um decreto, em 2017.

O encarregado Onofre Secchi trabalha na Argeplan, empresa de João Batista Lima Filho, amigo do presidente Temer. Segundo o engenheiro responsável e um fornecedor, Secchi foi indicado pela mulher do coronel Lima, Maria Rita Fratezi. O coronel foi preso em março na Operação Skala.

Onofre Secchi foi citado no depoimento do engenheiro Luiz Eduardo Visani à PF, no dia 29 de maio. Visani disse à Polícia que Onofre era o encarregado pela obra da casa de Maristela e que acompanhou a reforma durante todo o processo e que quem apresentou Onofre foi a arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher do coronel João Batista Lima, dono da empresa Argeplan.

No depoimento prestado à PF no dia 3 de maio, Maristela disse que tanto o coronel Lima quanto a mulher dele, Maria Rita Fratezi, ajudaram como amigos na reforma e que a empresa Argeplan não participou do processo da obra.

Outros dois funcionários da Argeplan também já foram ouvidos pela Polícia Federal. O arquiteto Diogo Figueiredo de Freitas e o engenheiro Fabiano Polloni. O engenheiro disse à PF que Onofre ocupa um cargo de compra de material de escritório na empresa e afirmou não saber se ele participou da reforma na casa da filha do presidente.

O depoimento de Onofre Secchi durou cerca de 3 horas e ele saiu da PF do Aeroporto de Congonhas, por volta das 14h, acompanhado do advogado e não quis falar com a reportagem sobre o depoimento.

A defesa do Coronel João Batista Lima e da mulher dele, Maria Rita Fratezi, disse à reportagem que o casal nega, mais uma vez, de forma veemente todas as acusações e que eles não participaram ou praticaram qualquer ato ilícito.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Maristela Temer e o Palácio do Planalto não quis comentar o depoimento de Onofre Secchi.

Operação Skala

A operação deflagrada em março faz parte das medidas solicitadas pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge – e autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) – com o objetivo de coletar provas para o inquérito que investiga se o presidente Michel Temer editou um decreto a fim de favorecer empresas portuárias em troca de propina.

>> O que é o inquérito sobre o decreto dos portos?

O inquérito investiga o suposto pagamento de propina por empresas do setor dos portos para agentes do governo em troca de favorecimentos nos contratos.

Foi instaurado a partir dos depoimentos de Joesley Batista e Ricardo Saud, delatores da Operação Lava Jato.

Em maio de 2017, um decreto assinado pelo presidente Michel Temeraumentou o prazo das concessões das áreas portuárias de 25 anos para 35 anos, com chance de prorrogação por até 70 anos.

Segundo a Procuradoria Geral da República, esse decreto teria sido editado em troca de pagamento de propina ao presidente e seus principais aliados.

>> Temer é investigado na operação?

Sim. O Supremo Tribunal Federal (STF) enviou 50 perguntas elaboradas pela Polícia Federal (PF) para o presidente Michel Temer em janeiro deste ano.

O delegado da PF Cleyber Malta Lopes perguntou se o presidente foi procurado por representantes do setor de portos. Ele queria saber se Temer chegou a receber pedidos para a ampliação dos contratos.

A polícia também investiga se o presidente recebeu oferta de dinheiro, ainda que em forma de doação para a campanha eleitoral – formal ou caixa dois – para criar decretos ou dispositivos legais em benefício das empresas que atuam no setor portuário.

Em gravações divulgadas em maio do ano passado, o ex-assessor especial da presidência, Rodrigo Rocha Loures, conversa com Gustavo Rocha, chefe para assuntos jurídicos da Casa Civil. Ele defende a mudança no decreto.

Em março deste ano, o ministro Luís Roberto Barros autorizou a quebra de sigilo de Temer.

Entre os elementos apresentados na investigação, segundo decisão do ministro Barroso, está uma “planilha contábil em que aparecem, como recebedores de recursos das empresas Libra, Rodrimar e Multicargo as siglas MT, MA e L, que permitem supor sejam o presidente Michel Temer, Marcelo Azeredo, presidente da Codesp entre 1995 e 1998, indicado por ele (Temer), e o amigo pessoal de Temer, coronel João Baptista Lima Filho”.

Também é investigada uma reforma na casa de Maristela Temer, filha do presidente. A obra foi conduzida pela arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher de João Batista Lima Filho, que teria recebido pagamentos de altos valores em espécie, segundo a investigação. Maria Rita foi intimada a depor.

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