Menino de 12 anos é proibido de entrar em escola por aderir ao candomblé

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Um menino de 12 anos foi barrado na escola em que estuda, no Rio de Janeiro, por usar roupas de candomblé. O estudante, que cursa a quarta série do ensino fundamental na Escola Municipal Francisco Campos, no Grajaú, na Zona Norte do Rio, foi impedido pela própria diretora da instituição de entrar na escola.

Segundo a família da criança, ele foi barrado por usar bermudas brancas e guias por baixo do uniforme. “Antes de ele entrar para o candomblé, eu avisei para a professora e ela logo disse que ele não entraria no colégio. Eu expliquei que ele teria que usar branco e as guias, mas ela não aceitou”, contou a mãe do estudante, Rita de Cássia.

Tudo começou quando a criança, após passar um mês afastada das salas de aula, tentou retomar os estudos. “Eu levei o meu filho e, na porta da escola, ela [diretora] não viu que eu estava atrás e colocou a mão no peito dele e disse: ‘Aqui você não entra’. E eu expliquei que ele teria que usar as guias e o branco por três meses e aí ela respondeu: ‘O problema é seu’”, disse Rita de Cássia.

Indignada, a mãe do menino disse que o filho se sentiu muito humilhado diante dos colegas e chorou muito. “Se ela estivesse esperado todo mundo entrar e me chamasse no canto para tentar encontrar uma forma para colocar ele pra dentro seria uma coisa. Mas, não. Ela barrou ele na frente de todo mundo. Eu discuti, falei palavrão feio pra ela, eu admito, mas ela não poderia ter feito isso com ele. Ele foi muito humilhado”, desabafou a mãe.

Rita disse ainda que entrar para a religião foi escolha do filho. “A escolha de entrar para o candomblé foi dele. Ele sabe o que quer, é muito firme nas decisões. Por nada ele larga a religião dele. Quando aconteceu isso tudo ele disse: ‘Se eu fosse muçulmano ou qualquer outra coisa eu deveria ser respeitado, isso é discriminação. Se o meu filho estivesse com drogas, se tivesse arma tenho certeza que eles iam tampar os olhos”, reclamou ela, que contou que o filho está muito triste e sem vontade de voltar à escola.

O caso ocorreu no dia 25 de agosto. Quatro dias depois, o jovem foi transferido para a Escola Municipal Panamá, também no Grajaú, onde foi bem recepcionado por todos. “Depois que eu fui lá para pedir a transferência a diretora disse que não gostaria que eu levasse ele porque ele era um ótimo aluno. Mas o que ela não poderia era ter feito meu filho passar vergonha. Depois que ele foi tão humilhado, meu filho foi muito bem aceito na escola nova. Todo mundo me apoiou. Pra quem é mãe é muito difícil ver um filho sofrendo esse preconceito”, concluiu a mãe do jovem.

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