Jovem que diz ter sido torturada e que teve cabelos cortados por filho de prefeito na BA relata medo: ‘Não consigo dormir’

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Após denunciar ter sido torturada pelo ex-marido, na cidade de Santo Antônio de Jesus, a 187 km de Salvador, a filha do prefeito de Muniz Ferreira, Clara Emanuele Santos Vieira, de 20 anos, relata que ainda está com medo.

Clara Emanuele disse que teme que o suspeito identificado como Filipe Pedreira que, filho do prefeito da cidade de Salinas da Margarida, volte a agredi-la e ao filho de um ano, fruto do relacionamento dos dois.

“Eu estou com medo. Não consigo dormir, não consigo comer. Já perdi quatro quilos. Eu também tenho medo de ele fazer alguma coisa com meu filho”, lamenta a jovem.

Clara diz ter sido agredida por volta do meio-dia do último dia 8, quando teve a casa invadida pelo rapaz, que estava com uma faca. O caso repercutiu nas redes sociais depois que a irmã da vítima denunciou o caso por meio do Facebook, no Dia das Mães. A denúncia gerou a campanha “#todosporclara”. A jovem também denunciou o caso no Instagram dela na segunda-feira (15), mostrando hematomas no rosto.

A vítima contou que ele cortou os cabelos dela com uma faca, deu vários socos no rosto, cortou os cabelos que estavam presos em um coque e também cortou as pontas de dois dedos.

Clara conta que, enquanto o ex a agredida, ficava dizendo que ela teria outro relacionamento. “Ele disse que eu tinha outro namorado. Disse que ia me deixar careca e que ninguém ia me querer. E que se eu tivesse outro, ia matar a mim e a ele”, falou.

Durante a agressão, os vizinhos ouviram a discussão e chamaram a polícia. No entanto, Clara teve medo de fazer a denúncia. “Eu disse (aos policiais) que não estava acontecendo nada. Depois disso, consegui fugir para a casa de minha vizinha”, conta Clara, que foi levada para o Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus.

O suspeito então foi para a casa do ex-sogro, na cidade de Muniz Ferreira. Segundo Clara, no imóvel, ele agrediu o pai dela e lançou spray de pimenta no filho de um ano. O bebê foi levado para o posto de saúde da cidade e passa bem.

Clara diz ter ido à delegacia no mesmo dia, às 14h, para denunciar o crime. No entanto, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), como ela negou inicialmente aos policiais militares a agressão, o suspeito não foi preso em flagrante. Felipe foi ouvido e liberado pela Polícia Civil, que pediu a prisão dele à Justiça e aguarda decisão.

A SSP-BA também informou que um pedido de medida protetiva foi feito com urgência pela Polícia Civil e aceito pela Justiça. Por conta disso, o suspeito da agressão tem que permanecer a uma distância de no mínimo 100 metros da vítima. A secretaria também disse que os laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) de lesão corporal e do local da agressão estão em fase final.

Agressões

Clara disse que ela já havia sido agredida outras vezes durante o relacionamento. Ela casou com o rapaz no final de 2016 e a separação ocorreu no dia 27 de abril deste ano, porque ela não aguentava mais a violência.

“Eu não denunciei porque eu achava que um dia ele ia parar de fazer. Acabei por conta disso, porque eu não aguentava mais”, afirma a jovem.

Ela fala que o relacionamento piorou desde que o filho deles nasceu. “Ele disse que ninguém ia me querer por conta desse filho, ele me xingava o tempo todo”, relembra.

A jovem diz que, depois de ter rompido o silêncio e ter visto a repercussão do caso dela nas redes sociais, muita mulheres procuraram ela para também relatar casos de violência. “Por um lado é bom, porque encoraja muitas mulheres. Muitas mulheres que procuram e contam situações parecidas ou até piores do que a minha”, diz Clara.

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