Há 50 anos, em 26 de maio de 1968, o primeiro transplante de coração do país acontecia no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Apesar da evolução nas pesquisas, hoje, apenas 23% da necessidade estimada no país é suprida, de acordo com dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Mesmo com boa parte dos doadores formada por vítimas da “epidemia de violência”, ainda faltam corações e centros de excelência.
Trezentos e oitenta brasileiros doaram e receberam um coração em 2017 – mesmo assim, a demanda estimada era de 1.638 cirurgias. Isso representa um déficit de 1.258 órgãos. As estimativas são da ABTO. O Ministério da Saúde não deu balanço dos transplantes e de sua participação no custeio dos procedimentos.
Os transplantes foram realizados por 36 equipes médicas, mas não ocorreram em todo o país.
Cirurgias nas capitais
Onze das 27 capitais fizeram transplantes de coração. Elas representam 87,3% de todas as cirurgias do tipo. O Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, fez a primeira cirurgia do tipo e atualmente ainda é o centro que mais faz o procedimento.
Entre as 27 capitais, São Paulo é a cidade que mais faz transplantes: 31% de todos os realizados no ano passado. Foram 118, sendo 69 no Incor. As regiões Sudeste e Sul fazem a maioria das cirurgias. O Norte não fez nenhuma.
“É agravante, mas nem tanto. A população do Norte é muito pequena e espalhada. Boa parte deles tem parentes no Sul e Sudeste, e acaba vindo se tratar. E isso não acontece só com transplante, acontece com câncer também, por exemplo”, disse Paulo Pêgo.
Fábio Jatene, vice-presidente do Conselho Diretor do Incor, é o médico que mais fez transplantes de coração no ano passado – foram 57. Ele acredita que, mesmo com essa centralização do serviço, a maior questão ainda é ter mais doadores.